Número de turistas contaminados por dengue durante Olimpíadas será baixo, diz estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 27/05/2016 às 12:00
Pernambuco já acumula 135.845 notificações de casos suspeitos das três arboviroses: dengue, chicungunha e zika (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)
Pernambuco já acumula 135.845 notificações de casos suspeitos das três arboviroses: dengue, chicungunha e zika (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem) FOTO: Pernambuco já acumula 135.845 notificações de casos suspeitos das três arboviroses: dengue, chicungunha e zika (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

Imagem de larvas do mosquito Aedes aegypti (Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem) Pesquisadores utilizaram modelagem matemática e estatísticas do Ministério da Saúde para sustentar previsão otimista (Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem)

Da Agência Fapesp de notícias

Em 2014, antes do início da Copa do Mundo no Brasil, havia um temor de que muitos entre os 600 mil turistas estrangeiros aguardados para o maior evento futebolístico do planeta pudessem contrair dengue. Seriam centenas ou mesmo milhares, de acordo com algumas previsões. Tal temor não era infundado uma vez que há dois anos, como hoje, a infestação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, já estava espalhada pelo país. Mas, em maio de 2014, um mês antes do início do campeonato mundial, um estudo epidemiológico surpreendeu ao se contrapor àquele panorama de maus presságios, indicando que a total de infecções por dengue entre os turistas na Copa seria mínimo. E a previsão se mostrou correta.

Resultado do emprego de métodos sofisticados de modelagem matemática, o artigo “Risk of symptomatic dengue for foreign visitors to the 2014 FIFA World Cup in Brazil”, do professor Eduardo Massad e colaboradores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), estimava que o número total de casos de dengue notificados entre turistas estaria entre três e 59.

“Sabe quantos casos foram?”, pergunta Massad com um sorriso. “Apenas três: dois de turistas dos Estados Unidos e um do Japão. Acertamos na mínima.”

Em 2016, a três meses do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a mesma equipe voltou a utilizar seus modelos matemáticos para calcular o risco de infecção por dengue entre os cerca de 400 mil visitantes internacionais esperados – segundo estima o Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur). Os dados utilizados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

A exemplo do que ocorreu na Copa, os cálculos da equipe de epidemiologistas apontam para um número muito baixo de infecções por dengue entre os turistas estrangeiros nas Olimpíadas, explica o doutorando Raphael Ximenes, líder da nova pesquisa, e orientando do professor Massad. Os resultados foram publicados em novo artigo, “The risk of dengue for non-immune foreign visitors to the 2016 summer olympic games in Rio de Janeiro, Brazil”, na revista BMC Infectious Diseases, em estudo apoiado pela FAPESP.

O pior cenário

Caso a epidemia de dengue em 2016 siga o mesmo padrão verificado em agosto de 2007 – mês com maior total de casos desde o início da epidemia no Brasil –, a modelagem matemática estima que haverá, entre os 400 mil turistas estrangeiros aguardados, apenas 23 casos sintomáticos. São aqueles casos em que se registra febre e demais sintomas e que podem vir (ou não) a resultar em internações hospitalares.

Já com relação aos casos assintomáticos – em que, picados pelo Aedes, os turistas contrairão o vírus da dengue, mas não desenvolverão sintomas nem ficarão doentes –, o número de casos esperados é de 206.

Confira a matéria completa no site da Agência Fapesp de notícias.