Especialistas esclarecem diferenças entre tipos de dismenorreia, dor da cólica menstrual

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/05/2016 às 15:19
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mulhercomdor Na dismenorreia primária, que representa cerca de 80% dos casos, não há problemas no útero ou ovários. Já a secundária pode ter como causa outros problemas, como endometriose (Foto ilustrativa: Reprodução)

Sabia que as cólicas menstruais, muito conhecida em maior ou menor grau pela maioria das mulheres, é chamada de dismenorreia? A condição pode ser classificada como primária ou secundária, dependendo se a causa da dor seja alguma doença dos órgãos pélvicos.

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A cólica é consequência das contrações uterinas, que ocorrem por aumento da produção de prostaglandinas (moléculas reguladoras das vias metabólicas) no endométrio (camada interna do útero que é eliminada na menstruação). Essas contrações comprimem os vasos sanguíneos, dificultando o suprimento de oxigênio em algumas partes do útero. “Além da dor na parte inferior do abdome, que pode se irradiar para as costas e pernas, é comum ter outros sintomas, como náuseas, vômitos, diarreia, mal-estar e fadiga, que prejudicam o bem-estar e as atividades cotidianas. Algumas mulheres ficam incapacitadas até para trabalhar”, explica a ginecologista e obstetra Patrícia de Rossi, do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, em São Paulo.

Na dismenorreia primária, que representa cerca de 80% dos casos, não há problemas no útero ou ovários. "Os sintomas são comuns. Metade das mulheres apresenta esse tipo de dor pélvica durante sua idade fértil", diz a especialista. A dor costuma iniciar junto do fluxo menstrual e dura, geralmente, entre dois e três dias. "Esse tipo costuma aparecer após as primeiras menstruações, podendo diminuir ou não de intensidade ao longo dos anos ou depois da primeira gravidez", acrescenta.

Já a dismenorreia secundária habitualmente começa duas semanas antes da menstruação e é mais intensa ou progressiva (piora com o passar do tempo). Pode ser acompanhada de outros sintomas ginecológicos, como aumento da duração ou volume das menstruações, causado por outras doenças, como miomas ou endometriose.

Segundo o médico Irimar de Paula Posso, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), a dor é individual e pode varia entre amena e muito intensa. "Tanto na primária como na secundária a dor pode atingir intensidade bastante alta, chegando próximo a níveis máximos de desconforto. Isso depende da sensibilidade da paciente e de outras doenças concomitantes", explica. Outros fatores podem influenciar o nível da dor, como a duração do fluxo menstrual, tabagismo, consumo exagerado de álcool, história de abuso sexual, obesidade, estresse e distúrbios emocionais.

Como amenizar os sintomas

Na dismenorreia primária, o foco é bloquear o mecanismo da dor. Algumas das fórmulas mais indicadas são os anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) à base de ibuprofeno. "Medicamentos dessa linha são muito eficientes no tratamento da dismenorreia primária, pois diminuem a produção das prostaglandinas causadoras dos sintomas”, ressalta a médica.

Se houver desejo de evitar a gravidez, uma alternativa é o uso das pílulas anticoncepcionais. Vale ressaltar que o tratamento deve sempre ser orientado por um médico, para que o medicamento seja usado na dose adequada e evite falha por uso incorreto, bem como reduzir a ocorrência de efeitos colaterais, como transtornos gastrointestinais.

Nos casos de dismenorreia secundária, é necessário também tratar a causa básica. "Os AINEs podem ser usados como medicação analgésica associada a outros fármacos nesses quadros, mas podem não ser suficientes para o tratamento da dismenorreia secundária. Em algumas situações, uma cirurgia para tratar a causa básica pode ser a única solução", esclarece o médico.