Dia Mundial da Asma: Especialista esclarece principais dúvidas sobre a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/05/2016 às 10:48
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Imagem de homem tossindo (Foto: Reprodução / Internet) Cerca de 2,4 milhões de homens convivem com asma no País, enquanto 3,9 mulheres foram diagnosticadas com a doença. Dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (Foto: Reprodução / Internet)

Malu Silveira

De acordo com Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2015, a asma atinge 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos. Nesta terça-feira (3) é celebrado o Dia Mundial da Asma, evento criado pela Global Initiative for Asthma (Gina) para promover uma reflexão na sociedade sobre os impactos dessa doença crônica que afeta as vias respiratórias e acomete, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, incluindo crianças. O Casa Saudável conversou com um especialista e traz as principais recomendações sobre o assunto.

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"A asma é uma doença crônica inflamatória das vias aéreas e leva a uma série de manifestações clínicas. A condição acomete principalmente os brônquios, os canais que levam ar aos pulmões. Se a parede dos brônquios fica muito espessa por causa do processo inflamatório, há uma diminuição da passagem de ar, levando aos principais sintomas", explica o pneumologista Alfredo Leite.

Falta de ar, chiado no peito (o que os médicos chamam comumente de sibilo), tosse e aperto no peito são os sintomas mais comuns da doença. "Os sintomas acontecem de forma intermitente, ou seja, o paciente não passa a vida inteira com eles, mas há períodos de maior intensidade. As piores de agravamento são desencadeadas por certos estímulos ambientais que podem ser evitados diversas vezes", acrescenta.

Infecções das vias aéreas, como resfriados e gripes, exposição à poeira e contato com animais que soltam pelos são alguns dos fatores para agravamento de uma crise asmática. Pacientes com histórico de alergias também são mais acometidos pela doença crônica. "A maior parte das pessoas que convivem com asma têm uma tendência alérgica de forma geral. Em mais da metade dos casos, é uma doença de fundo alérgico. Muito comumente, pacientes com asma também apresentam quadro de rinite alérgica", ressalta o pneumologista.

Ao contrário do que muitos pensam, a mudança de temperatura, pelo menos em nosso Estado, não contribui diretamente para o agravamento dos sintomas. "Esta relação não existe de forma direta, até porque a oscilação térmica no Recife é muito pequena. O que acontece é que quando chega o inverno, as pessoas acabam se confinando mais. Ao invés de ir para rua, ficamos em casa ou em ambientes fechados. E esse confinamento nos leva a compartilhar vírus de diversas infecções virais, aumentando assim a ocorrência de crises asmáticas", explica o médico.

Para controlar as crises da doença, alguns cuidados essenciais devem ser adotados no ambiente em que o paciente com asma vive. "Quem tem asma deve fazer o que puder para minimizar a exposição à poeira doméstica. Esse caldo que vive em suspensão no ambiente é um local que prolifera muito ácaro, produtor de muitas substâncias alergênicas. Por isso, o quarto deve ser arejado e com iluminação solar direta. O ideal é evitar tapetes, carpetes e cortinas. Na hora da limpeza, não usar vassouras que levantem poeira, optando pelo pano úmido. Equipamentos como ar condicionado e ventilador devem estar bem conservados e limpos, senão passam a ser espalhadores de poeira doméstica", explica Leite.

Diagnóstico e tratamento

A asma tem um fator hereditário muito importante. A maioria dos pacientes que convivem com a doença tem as primeiras manifestações clínicas ainda na infância, muitos até antes dos três anos de idade.  Por isso, o diagnóstico é feito levando em consideração o histórico clínico do paciente, que geralmente tem ao longo da vida alguns episódios de agravamento que o levam ao hospital várias vezes com manifestação dos sintomas mais comuns. Para ter uma ideia, só no Brasil, a doença é responsável por número representativo de internações hospitalares. Somente em 2014, período de janeiro a novembro, foram 105,5 mil internações pela condição, originando um custo de R$ 57,2 milhões para a rede pública de saúde. Os dados são do Sistema de Informações Hospitalares (SIH).

A espirometria, um exame que mede a capacidade inspiratória e expiratória do indivíduo, é um dos exames que auxilia os especialistas a confirmarem o diagnóstico da doença e a partir de então acompanhar a evolução do paciente.

A asma, seja nos casos mais leves ou graves, é tratada à base de medicações inalatórias com corticoide. O problema, segundo o especialista, é que muitos pacientes ainda têm receio de aderir ao tratamento por medo dos efeitos colaterais da substância usada. "Ainda existe muito tabu em cima do assunto. Quando o corticoide é usado em altas doses por via oral e durante muito tempo, alguns efeitos colaterais, como obesidade e hipertensão, são notados. Mas o remédio é usado através de inaladores, que permitem que a medicação seja puxada para o pulmão e aja diretamente nos brônquios. Ele vai exercer o efeito benéfico e será pouco absorvido pelo sangue. O que passa para o organismo como um todo é muito pouco e a chance de efeitos colaterais é pequena. Já o ganho na qualidade de vida é muito grande", defende o médico.

Controlar o peso, evitar o cigarro e praticar atividades físicas regularmente também são algumas das principais recomendações médicas para quem convive com a asma. Se não tratada corretamente, a doença pode até mesmo levar à morte. "(A asma) causa muito sofrimento e eventualmente pode levar o paciente ao hospital e até para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Apesar de raro, pode levar à morte também. Por isso a importância de um acompanhamento médico e de tratamento adequado para os pacientes", defende o pneumologista.

Influenza

Os pacientes que têm asma devem procurar imunização contra a gripe e ao vírus da influenza. "Se o paciente com asma desenvolver alguma dessas infecções, as repercussões podem ser muito mais sérias. A chance do quadro se complicar, com evolução para uma pneumonia por exemplo, é muito maior", alerta o pneumologista.