Em cada 12 pessoas, uma vive com diabetes nas Américas. Número triplicou desde 1980

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/04/2016 às 14:25
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Imagem ilustrativa de diabetes (Foto: Marcos Santos / USP Imagens) Primeiro informe mundial sobre diabetes da OMS alerta que, se autoridades competentes não adotarem medidas, cerca de 110 milhões de pessoas enfrentarão as complicações da doença até 2040 (Foto: Marcos Santos / USP Imagens)

Uma em cada doze pessoas vive com diabetes nas Américas. O número, equivalente a 62 milhões de pacientes, triplicou desde 1980. Atualmente, a doença é a quarta causa de morte no continente, ficando atrás apenas de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e demências diversas. O primeiro informe mundial sobre diabetes da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, se autoridades competentes não adotarem medidas, cerca de 110 milhões de pessoas enfrentarão as complicações da doença até 2040. O boletim, divulgado como marco para o Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quinta-feira (7), destaca a urgência de intensificar os esforços para prevenção e controle da enfermidade.

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Implementação de políticas públicas que estimulem estilos de vida saudáveis e garantia de que os sistemas de saúde sejam capazes de diagnosticar prontamente a doença, além de provir tratamento e cuidados aos pacientes. Estes são alguns dos pontos destacados no relatório da OMS. "A melhor forma que as pessoas têm de prevenir a diabetes é seguir uma dieta saudável, evitando sobretudo os alimentos ultraprocessados – ricos em calorias e pobres em nutrientes – e bebidas açucaradas, além de realizar atividades físicas regularmente para manter um peso saudável", alerta Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), escritório regional para as Américas da OMS.

A representante da OMS, no entanto, esclarece que a prevenção da diabetes não é apenas um cuidado individual. O governo deve tomar sua parte da responsabilidade e adotar políticas e medidas eficazes, fazendo com que a escolha saudável termine como a opção mais fácil para a população.

O novo documento defende que o aumento da diabetes pode ser retardado por meio de uma combinação de políticas fiscais, legislações, mudanças no meio ambiente e conscientização das pessoas para a necessidade de modificar os fatores de risco para a doença. Isso inclui políticas que aumentem os impostos sobre bebidas açucaradas e a adoção de rotulagem frontal nos alimentos alertando os consumidores sobre os produtos processados com alta quantidade de gordura, açúcar e sal, com o objetivo de desencorajar seu consumo. "A menos que sejam tomadas medidas urgentes, o mundo não vai reverter essa epidemia", afirma Alberto Barceló, assessor regional em diabetes da OPAS. Segundo Barceló, os países membros da OMS se comprometeram a limitar o aumento da diabetes e da obesidade em 2025.

Por outro lado, o relatório mostra que as pessoas com diabetes podem ter uma vida longa e saudável se a doença for detectada a tempo e bem manejada. Nas Américas, no entanto, em alguns países até 40% das pessoas com diabetes não sabem e entre 50% e 70% não alcança o controle adequado da glicemia. Um bom manejo da diabetes pode prevenir complicações e morte prematura. "Precisamos garantir que as pessoas com diabetes tenham acesso aos cuidados e medicamentos que necessitam, bem como à educação e às intervenções que facilitem um estilo de vida saudável", finaliza Barceló. O relatório completo da OMS, com outros números em relação à doença no mundo, está disponível em inglês.

A doença

A diabetes é uma doença crônica progressiva, caracterizada por altos níveis de glicose no sangue. É uma das causas de cegueira, insuficiência renal, amputação de membros inferiores e outras consequências em longo prazo que impactam significativamente na qualidade de vida e aumentam o risco de morte prematura. A atenção para diabetes e suas complicações também representa um custo elevado para as famílias e os sistemas de saúde. Segundo a OMS, em 2014, as despesas regionais de saúde relacionadas com essa doença somaram cerca de 382 bilhões de dólares.

A maioria dos pacientes têm a diabetes tipo 2, relacionada ao excesso de peso e obesidade bem como estilos de vida sedentários. Nas Américas, mais de 60% da população está acima do peso ou obesa, em grande parte como resultado de mudanças de estilo de vida relacionadas ao desenvolvimento e à globalização.