Imip tem o 1º Ambulatório de Dieta Cetogênica para Epilepsia do Norte/Nordeste

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 26/03/2016 às 11:35
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Imip tem o primeiro Ambulatório de Dieta Cetogênica para Epilepsia do Norte/Nordeste (Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem) Imip tem o primeiro Ambulatório de Dieta Cetogênica para Epilepsia do Norte/Nordeste (Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem)

É no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife, que funciona o primeiro Ambulatório de Dieta Cetogênica para Epilepsia do Norte/Nordeste. O serviço, que realiza atendimentos há quase quatro meses, é voltado para os pacientes que convivem com a doença neurológica e não apresentam melhora das crises convulsivas com os tratamentos medicamentosos convencionais.

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“Cerca de 70% dos casos da doença podem ser controlados com o tratamento medicamentoso convencional, mas os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle. Para esses pacientes, pode-se indicar a dieta cetogênica, que melhora as crises”, diz a neuropediatra Adélia Henriques Souza, do Imip.

Hoje, no Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia, ela explica que essa estratégia nutricional é mais uma alternativa terapêutica para controle da doença, que acomete cerca de 1% da população em todo o mundo. “A dieta cetogênica é rica em gorduras, isenta de carboidratos e muito pobre em proteínas”, explica Adélia, que é presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE). Esse tipo de orientação nutricional simula alterações bioquímicas associadas aos períodos de jejum, que melhora as crises de epilepsia.

Apesar de ser uma dieta especial, ela não prejudica o desenvolvimento infantil e é balanceada de acordo com altura, idade e peso ideal da criança. O paciente continua a receber energia, minerais e vitaminas através da alimentação. “Mas é preciso fazer adaptações no cardápio que nem sempre são fáceis, pois são recomendados alimentos que não são comuns ao cardápio da casa. Por isso, o Ambulatório de Dieta Cetogênica para Epilepsia faz uma reunião mensal com as famílias para que elas possam analisar se têm condições de oferecer o cardápio às crianças”, frisa Adélia.

A neuropediatra Adélia Henriques Souza diz que, apesar de a dieta cetogênica ser especial, não prejudica o desenvolvimento infantil e é balanceada de acordo com altura, idade e peso ideal da criança (Foto: Divulgação) A neuropediatra Adélia Henriques Souza diz que, apesar de a dieta cetogênica ser especial, não prejudica o desenvolvimento infantil e é balanceada de acordo com altura, idade e peso ideal da criança (Foto: Divulgação)

Para se atendido pelo serviço, que funciona às terças-feiras, a partir das 7h no Imip, o paciente precisa ser encaminhado por um neuropediatra que já tenha indicado todas as opções medicamentosas para o tratamento da epilepsia e, ainda assim, a criança não apresentou melhora das crises convulsivas.

“O nosso objetivo não é tirar a medicação. O novo cardápio é mais uma alternativa terapêutica. Mas tenho paciente que, ao seguir a dieta cetogênica, não precisou mais usar medicamentos”, informa Adélia. Atualmente, o Ambulatório de Dieta Cetogênica para Epilepsia do Imip tem 15 pacientes registrados, entre 1 e 16 anos, além de um adulto. É bom frisar que a dieta deve ser seguida com acompanhamento criterioso de médicos e nutricionistas.

CAMPANHA

Em prol da conscientização da epilepsia, a fonte da Praça do Arsenal da Marinha, no Bairro do Recife, ganha hoje iluminação especial na cor roxa, assim como outras fontes em todo o Brasil. O roxo é a cor que marca o Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia. A doença é caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são recorrentes e geram as crises epilépticas. Elas podem se manifestar com alterações da consciência ou eventos motores, sensitivos/sensoriais e autonômicos (como suor excessivo e queda de pressão) ou psíquicos involuntários percebidos pelo paciente ou por outra pessoa.

Historicamente, a doença traz uma bagagem de preconceitos e estigmas. Por isso, a campanha reforça que pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos na sociedade: ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes e se divertir.