Entenda o que é a síndrome de Guillain-Barré

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/02/2016 às 15:29
(Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)
(Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem) FOTO: (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

 (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem) O Brasil e a Colômbia já reconheceram aumento no número de casos da síndrome depois do crescimento da circulação do vírus zika, transmitido pelo Aedes aegypti (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

Da Agência Brasil

Rara e pouco conhecida, a síndrome de Guillain-Barré (SGB) passou a ser assunto fora dos consultórios médicos depois que uma pesquisa mostrou que ela pode ser desencadeada pelo vírus zika. A síndrome pode apresentar diferentes graus de manifestação, apresentando desde leve fraqueza muscular em alguns pacientes ao quadro raro de paralisia total dos quatro membros.

O neurologista do Hospital Sarah, em Brasília, Eduardo Uchôa, explica que a síndrome é uma reação autoimune do corpo. O organismo começa a combater um microrganismo, como vírus ou bactéria, e acaba atacando a si próprio. Não existem formas de evitar a doença, e as informações sobre a origem são controversas. “Por algum motivo, nosso corpo produz, através de suas células de defesa, anticorpos contra o nosso nervo periférico”, explica o especialista.

Segundo Eduardo Uchôa, dois terços dos casos da síndrome de Guillain-Barré são precedidos por quadros de gripe ou diarreia - e todos os sintomas aparecem em até quatro semanas após os primeiros sinais.

“No quadro inicial, o paciente geralmente apresenta alterações de sensibilidade, tem formigamento, sintomas um pouco inespecíficos. Isso vai progredindo para um quadro de fraqueza, chamada de paralisia flácida ascendente, que costuma começar nas pernas e vai subindo. Isso tende a evoluir ao longo de até quatro semanas”, explica Uchôa.

Recuperação

Dados internacionais mostram que aproximadamente 50% dos pacientes se recuperam totalmente até seis meses depois da síndrome se manifestar. Cerca de 30% têm sequelas leves, como sensibilidade nos membros ou pequenas dificuldades motoras. Quase 20% dos pacientes têm consequências mais graves, como maiores dificuldades motoras e fraqueza nas pernas. Cerca de 5% das pessoas têm complicações mais graves, como paralisia dos músculos respiratórios, e acabam morrendo.

Citomegalovírus, Epstein-Barr, HIV e até o vírus da dengue são citados na literatura médica como alguns dos desencadeadores de Guillain-Barré. De acordo com Eduardo Uchôa, a síndrome é um pouco mais frequente em homens e em pessoas na faixa dos 40 anos, mas pode atingir também indivíduos em outras idades.

De acordo com o especialista, a imunoglobulina é o principal tratamento durante a crise, para que a doença estacione. A fisioterapia é outro tratamento para que o paciente recupere os movimentos perdidos. “Você tem o impacto inicial, a doença vai evoluir no máximo em quatro semanas e depois disso o paciente entra numa curva de melhora”, disse Uchôa.

Casos

O Brasil e a Colômbia já reconheceram aumento no número de casos da síndrome depois do crescimento da circulação do vírus zika. No Brasil, a ocorrência de síndromes neurológicas relacionadas ao vírus foi confirmada após investigações conduzidas em Pernambuco, a partir da identificação do vírus em amostras de seis pacientes com sintomas neurológicos e com histórico de manchas vermelhas no corpo, características do zika. Desse total, quatro casos foram confirmados para Guillain-Barré.

A síndrome não é de notificação obrigatória e, por isso, não há dados nacionais de registros de Guillain-Barré. O número de atendimentos ambulatoriais relacionados à Guillan-Barré, entretanto, cresceu 8% de 2014 para 2015. Dados internacionais apontam que até duas pessoas a cada 100 mil habitantes têm a síndrome por ano.