Neurociência ajuda educação na promoção da saúde, mostra pesquisa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/02/2016 às 12:22

Alunos na sala de aula (Foto: Sérgio Bernardo / JC Imagem) Estímulo de professor pode melhorar qualidade de vida e promover saúde (Foto: Sérgio Bernardo / JC Imagem)

Da Agência USP de Notícias

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mostra interfaces entre as descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro, o processo de aprendizagem na escola e a promoção de saúde. O estudo da educadora Neuza Mainardi aponta que um estímulo adequado do professor pode fazer o aluno se empenhar mais para aprender, de modo a aumentar sua autoestima. Isso o torna mais ativo no dia-a-dia, o que melhora sua qualidade de vida e, em consequência, a sua saúde.

Neuza aponta que as pesquisas na área neurológica se intensificaram na última década do século 20, conhecida como “a década do cérebro”. Uma das descobertas mais importantes da neurociência foi a da plasticidade cerebral. ”Durante todo o século 20, acreditava-se que os seres humanos iam perdendo, ao longo da vida, os neurônios com que nasciam”, conta. “Entretanto, ao aprofundarem os estudos sobre o funcionamento do cérebro os cientistas descobriram que as células nervosas se renovam e se adaptam. Elas são sensíveis às mudanças ao redor e excitáveis, gerando sentimentos, pensamentos e comportamentos”.

O estudo relaciona quinze pontos coincidentes ou complementares entre neurociência, educação e promoção da saúde. “Por exemplo, sabe-se que o cérebro humano tem capacidade de criar mapas e imagens, de fora para dentro por reações físicas e químicas aos estímulos que recebe do meio”, diz Neuza. Na educação, o incentivo (externo) que os professores oferecem aos alunos visa criar neles a motivação (interna) e a vontade de aprender, devido a atividade neural. “A consequência, no que diz respeito à promoção de saúde, é que o aluno motivado tem mais chance de ter melhor qualidade de vida porque o sucesso aprimora a autoestima”.

A educadora lembra que a plasticidade cerebral contribui para a adaptabilidade do comportamento. “O papel condutor da educação interfere na atividade da criança e em sua atitude diante da realidade, o que amplia aos poucos a sua consciência”, diz. “Nas experiências psíquicas estão emoções e sentimentos que interferem na qualidade de vida. Os estímulos do professor quando positivos, geram pensamentos e comportamentos que favorecem o processo de ensino-aprendizagem”.

Desenvolvimento do cérebro

De acordo com os neurocientistas, os estímulos ambientais ampliam as conexões entre neurônios, havendo uma relação entre as experiências de vida e o desenvolvimento do cérebro. “A aprendizagem pode ser mais eficiente se o professor conhecer a vida da criança em casa, tendo mais contato com as famílias, por meio das reuniões de pais ou mesmo chamando os familiares, se for necessário, demonstrando interesse pelo aluno”, observa Neuza. ”Quanto maior o contato, mais segurança o professor terá para planejar o processo educacional, além de dar mais segurança ao aluno, pois ele se sente acolhido pela escola ao perceber que sua família é bem-vinda”.

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