Pesquisa revela que 79% das jovens brasileiras já sofreram algum tipo de assédio

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 05/02/2016 às 15:00
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Imagem de mulher chorando (Foto: Free Images) Pesquisa realizada pelo Instituto Avon apontou que 79% das jovens brasileiras já foram assediadas, receberam cantadas ofensivas, violentas e desrespeitosas ou foram abordadas de maneira agressiva em festas ou locais públicos (Foto: Free Images)

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon, em parceria com o Instituto de Pesquisa Data Popular, apontou que 79% das jovens brasileiras já foram assediadas, receberam cantadas ofensivas, violentas e desrespeitosas ou foram abordadas de maneira agressiva em festas ou locais públicos. O estudo sobre relacionamento entre os jovens e a violência doméstica, realizado em 2014, entrevistou 2 mil mulheres e homens entre 16 e 24 anos, nas cinco regiões do País.

O levantamento também revelou que 44% das entrevistadas já foram assediadas ou tiveram o corpo tocado por um homem sem consentimento em festas. Além disso, 30% alegaram já terem sido beijadas à força. A pesquisa também mostra que a maioria dos entrevistados consideram erradas diversas atitudes tomadas pelas mulheres. Costumes considerados normais se realizados por homens. Para 80% dos entrevistados, uma mulher ficar bêbada em uma festa é considerada uma atitude incorreta. Já para 68%, é errado que ela tenha relações sexuais no primeiro encontro.

Outro dado preocupante que a pesquisa revela é que 58% dos jovens que já transaram não usam preservativo em todas as relações sexuais e 37% das mulheres já deixaram de usar camisinha por insistência do parceiro. Para o presidente do instituto de pesquisa Data Popular, Renato Meirelles, chama a atenção o fato de que esses jovens têm amplo acesso à informação, já que praticamente todos conhecem a camisinha como método contraceptivo. "Mesmo assim, esses jovens assumem comportamentos de risco: só 4 em cada 10 jovens com vida sexual ativa usam preservativo em todas as suas relações. Isso mostra que só a informação não resolve, é preciso criar estratégias para contextualizar o uso da camisinha ao dia a dia desses jovens.O lado positivo é que a maioria considera correto que mulheres (88%) e sobretudo homens (91%) carreguem preservativo no bolso", diz Meirelles.

Para o diretor executivo do Instituto Avon, Lírio Cipriani, os números reforçam que é preciso avançar nas discussões sobre gênero, principalmente no período do Carnaval, quando essas atitudes são frequentes. "É alarmante saber que grande parte das mulheres brasileiras já foram ou serão, de alguma forma, assediadas ou desrespeitadas. Este cenário precisa mudar e, para tanto, é preciso promover uma mudança cultural sobre o papel de cada um no enfrentamento a violência com a mulher e sensibilizar a população para importância da convivência pacífica e respeitosa entre homens e mulheres", disse.