Conselho de Fonoaudiologia dá dicas sobre cuidados com voz e audição no Carnaval

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/02/2016 às 12:39
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Imagem de orelha (Foto: Photl.com) Consequências de exposição intensa aos ruídos no Carnaval podem trazer danos à audição dos foliões e músicos que trabalham neste período (Foto: Photl.com)

No Carnaval, o excesso da exposição a som de alta intensidade e o uso intenso da voz é muito natural. Na grande maioria dos casos, inclusive, as pessoas sequer atentam para os cuidados necessários com a audição e a voz. Mas os especialistas dão um alerta: por mais "rápida" que seja a festa, as consequências dos agravos dessa exposição podem trazer danos à saúde dos foliões e músicos que trabalham nesse período.

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O Conselho Regional de Fonoaudiologia da 4ª Região (PE, BA, AL, SE e PB) listou algumas dicas e orientações sobre os principais cuidados que foliões e músicos devem ter com a voz e a audição durante a festa de Momo. Confira:

VOZ

Os foliões devem evitar os excessos. Os problemas vocais são multifatorias e podem estar relacionados à qualidade do sono, hidratação, alimentação adequada, uso correto da voz e predisposição a infecção das vias aéreas. Para quem tem refluxo gastroesofágico, que é o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, atingindo as pregas vocais, por exemplo, deve-se evitar alimentos gordurosos, condimentados, excesso de café e bebida alcoólica.

Em relação às bebidas alcoólicas, principalmente as destiladas como vodka, whiskye conhaque, vale ressaltar que prejudicam a voz. O consumo de álcool também causa desidratação e a ingestão em excesso causa edema nas pregas vocais.

DEZ DICAS PARA MANTER A VOZ SAUDÁVEL NA FOLIA

A rouquidão, muito frequente após Carnaval, pode ser ocasionada apenas por fadiga vocal, mas também por alguma lesão nas cordas vocais ou infecções respiratórias. Nos casos mais simples, a dica para combatê-la é o equilíbrio no uso da voz. Manter-se hidratado, repousar o corpo e a voz depois da folia, alimentar-se adequadamente são as principais recomendações.

Já para os músicos, a recomendação é o acompanhamento fonoaudiológico, que evitará fadiga local, perda da qualidade da voz ou colapso da voz. "A cada 24 horas, os cantores têm um edema na laringe e, no terceiro dia de festa, começam a se assustar com a perda da voz. Por isso, passamos diversos exercícios vocais para fazer artistas roucos voltarem a cantar com perfeição. Não tem musical de Broadway ou Ópera ou qualquer outra coisa que se compare ao que se enfrenta no Carnaval", explica a fonoaudióloga baiana Valéria Leal, que atende cantores como Carlinhos Brown e Daniela Mercury.

AUDIÇÃO

De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial durante o Carnaval a intensidade de som pode chegar a 120 decibéis. No entanto, nosso ouvido suporta apenas uma intensidade de 85 decibéis por cerca de oito horas. Se o som atinge 110, a tolerância cai para apenas meia hora. E 120, cai para apenas 15 minutos. Essa exposição prolongada ao barulho pode levar em alguns anos à perda definitiva da audição.

E é durante o Carnaval, segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, que se verifica um aumento no número de casos de pessoas que apresentam problemas nos ouvidos, causados, principalmente, pelos ruídos derivados de caixas de som super potentes de clubes e trios elétricos.

Quem quiser se proteger dos fortes ruídos, pode optar pelos protetores auriculares de silicone moldável, apesar do acessório atrapalhar a comunicação. Para aqueles que vão trabalhar na folia, a dica é fazer intervalos de 10 minutos longe do barulho, a cada 30 minutos. Dessa forma, o ouvido tem tempo para se recuperar. Outra dica importante é ficar a uma distância de pelo menos 10 metros da fonte sonora.

Se o zumbido ou sensação de abafamento durar mais de três dias, em caso de exposição intensa ao som alto, a recomendação é procurar um otorrinolaringologista para verificar se houve algum lesão.

Tabela de intensidade sonora

Tabela de intensidade sonora