Estudo investigará 700 gestantes para entender relação entre zika e microcefalia

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 26/01/2016 às 6:04
gestante_destaque FOTO:

As boas práticas de atenção ao nascimento inclui estímulo ao parto normal, já que a microcefalia como achado isolado não é indicação de cesariana (Foto: Free Images) Infecção exantemática, durante a gestação, não leva obrigatoriamente à ocorrência de microcefalia no feto. No entanto, esse sinal tem sido referido no histórico gestacional de algumas mães de bebês com essa alteração congênita (Foto: Free Images)

A Fiocruz Pernambuco, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade de Pernambuco (UPE) e de outras instituições, dá andamento a pesquisas que têm como objetivo dar respostas a um evento sem precedentes no mundo: o avanço dos casos de microcefalia no Brasil, especialmente em Pernambuco. Entre os estudos, está um que analisará 500 mulheres que, durante a gestação, apresentarem exantema (mancha vermelha na pele), além de outras 200 grávidas sem esse quadro clínico.

“Queremos conhecer qual a probabilidade da gestante que tem infecção pelo zika ter um filho com microcefalia”, diz o epidemiologista Ricardo Ximenes, professor da UPE e da UFPE. Além disso, será analisada em que período da gestação a infecção pelo vírus oferece maior probabilidade de a mãe dar à luz um bebê com microcefalia. “Também vamos investigar se uma infecção tardia (no segundo e terceiro trimestres da gravidez) causa outra consequência que não seja a microcefalia", informa Ximenes.

A pesquisa está sendo submetida para apreciação de comitê de ética. "Vamos solicitar que o projeto seja avaliado em caráter de urgência, a fim de que seja apreciado num tempo mais curto. Isso não significa que, para aprovação, haverá flexibilidade em relação a exigências do comitê", reforça Ximenes.

Leia também:

» Microcefalia e zika: Fiocruz PE investiga fatores de risco que podem estar correlacionados ao avanço dos casos

» Fiocruz vai levantar histórico de 600 bebês com e sem microcefalia

Exantema é um dos sintomas mais comuns de zika, mas também é um sintoma que pode aparecer nos casos de rubéola, intoxicação, alergia ou outras viroses. A infecção exantemática, durante a gestação, não leva obrigatoriamente à ocorrência de microcefalia no feto. No entanto, esse sinal tem sido referido no histórico gestacional de algumas mães de bebês com essa alteração congênita.

Apenas em Pernambuco, no período de 2 de dezembro de 2015 a 16 de janeiro de 2016, foram registradas 584 gestantes com exantema (manchas vermelhas na pele). Elas são residentes de 69 municípios. Entre os que reúnem o maior número de casos, estão Recife (21,2%), Vitória de Santo Antão (14,2%), Caruaru (12,2%) e Olinda (6,3%).

Com relação às características clínicas, 76,7% das gestantes registradas apresentaram febre, 24,5% realizaram exame laboratorial para dengue, chicungunha ou zika vírus (Secretaria Estadual de Saúde aguarda os resultados) e 49,1% passaram por exames para TORSCH (toxoplasmose, rubéola, sífilis, citomegalovírus e herpes, que também estão relacionados à microcefalia).

No grupo de gestantes que informaram o trimestre da gestação de início do exantema, 35,1% apresentaram no segundo trimestre.

Entre as gestantes com exantema, seis (1,2%) possuem detecção de microcefalia intraútero, quatro delas apresentaram febre, além das manchas vermelhas na pele. Em relação ao trimestre de aparecimento do exantema, uma refere o primeiro trimestre, outra o segundo trimestre da gravidez e duas o terceiro trimestre. As demais não informaram o trimestre em que foram acometidas por exantema.

microcefalia_info