Estudo aponta que idosos saudáveis têm maior resistência ao calor, mas não à umidade

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 19/01/2016 às 17:00
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Imagem de idoso pedalando bicicleta (Foto: Free Images) Idosos saudáveis são capazes de tolerar um calor de 32 ºC, por exemplo, mantendo um bom desempenho cognitivo (Foto: Free Images)

Da Agência Fapesp de notícias

Os idosos são mais vulneráveis aos sucessivos recordes de temperatura registrados em diferentes partes do mundo nos últimos anos, que induzem, por exemplo, a alterações no mecanismo de controle da temperatura corpórea, conforme apontam especialistas da área de geriatria.

Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina e do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmoféricas (IAG), da Universidade de São Paulo (USP), constatou, contudo, que idosos saudáveis são capazes de tolerar um calor de 32 ºC, por exemplo – temperatura que representa um dia quente de verão em São Paulo –, mantendo um bom desempenho cognitivo.

Resultado de um projeto realizado no âmbito do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental – um dos INCTs apoiados pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no Estado de São Paulo –, o estudo foi descrito em um artigo publicado na revista Age, da Associação Americana de Envelhecimento.

“Observamos que o desempenho cognitivo de idosos com boa funcionalidade não sofreu efeitos nocivos da exposição ao calor”, disse Beatriz Maria Trezza, geriatra do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP e primeira autora do estudo, à Agência FAPESP.

Os pesquisadores avaliaram os efeitos do estresse térmico sobre o desempenho cognitivo de 68 idosos com idade média de 73,3 anos, com bom desempenho físico e cognitivo – caracterizado pela boa saúde mental e caminhar de modo independente, entre outros aspectos. Os idosos são pacientes do serviço de geriatria do HC-FMUSP ou participantes do programa “Universidade aberta à terceira idade”, da USP.

Para realizar o estudo, os pesquisadores fizeram um ensaio clínico em que submeteram os idosos a uma bateria de cinco testes neuropsicológicos computadorizados realizados sucessivamente em salas com temperatura controlada de 24 ºC – considerada confortável para atividade leve – e de 32 ºC.

Selecionados da Bateria Neuropsicológica Automatizada de Testes de Cambridge (Cantab, em inglês) – um software desenvolvido pela Cambridge University, do Reino Unido –, os cinco testes avaliaram diferentes aspectos do desempenho cognitivo dos idosos, como memória, atenção, tempo de reação a um estímulo visual e aprendizado.

Os resultados dos testes indicaram que não houve diferenças significativas no desempenho cognitivo dos idosos no ambiente com temperatura de 32 ºC em comparação com o de 24 ºC.

“As análises dos testes, como um todo, mostraram que o desempenho cognitivo dos idosos foi mantido no ambiente com 32 ºC”, afirmou Trezza. “A população de idosos que avaliamos, entretanto, é bastante específica e talvez por isso seja menos vulnerável ao estresse térmico”, avaliou.

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