Estudo explica por que cirurgia bariátrica reduz apetite por açúcar

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/01/2016 às 10:00
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Imagem de fita métrica (Foto: Free Images) Pesquisa constatou que um dos tipos de cirurgia bariátrica é capaz de causar inibição por afetar o funcionamento do cérebro (Foto: Free Images)

Da Agência Fapesp de notícias

Alguns tipos de cirurgias bariátricas, como a com bypass gastrointestinal, realizada para o tratamento de obesidade mórbida e diabetes – por meio da qual é feito um desvio para redirecionar o alimento do estômago para a parte inferior do intestino delgado do paciente –, podem causar a diminuição do apetite pelo açúcar, já observavam especialistas na área.

Um estudo realizado por pesquisadores da Yale University, dos Estados Unidos, em colaboração com colegas de outras instituições americanas, além da China e do Brasil, constatou que esse tipo de cirurgia bariátrica é capaz de causar essa inibição por afetar o funcionamento do cérebro, reduzindo a liberação do neurotransmissor dopamina, associado ao prazer e à recompensa.

O estudo, publicado na revista Cell Metabolism e destacado pela revista Nature, teve a participação da pesquisadora Tatiana Lima Ferreira, do Centro de Matemática, Computação e Cognição (CMCC) da Universidade Federal do ABC (UFABC). A pesquisadora obteve uma Bolsa no exterior da FAPESP para realizar pesquisa na Yale University, no laboratório coordenado pelo pesquisador brasileiro Ivan Eid Tavares de Araújo, responsável pelo estudo.

“Já se sabia que cirurgias bariátricas, como a com bypass, causavam a perda do apetite por alimentos doces, mas ainda não era conhecido qual o mecanismo por trás disso. O estudo pode ajudar a compreender como ocorre a interação entre o cérebro e o estômago de pacientes submetidos a esse tipo de procedimento”, disse Ferreira à Agência FAPESP.

A fim de avaliar o potencial que o açúcar tem de desencadear hábito ou dependência por seu consumo crônico, os pesquisadores realizaram um experimento em que, inicialmente, expuseram um grupo de camundongos durante 13 dias a determinadas quantidades do carboidrato por eles autoadministradas ao lamber o bico de um bebedouro com um líquido açucarado.

Para analisar se esses animais que ingeriram cronicamente açúcar continuavam a buscar o carboidrato mesmo depois de satisfazer sua saciedade, eles realizaram um segundo experimento: injetaram diretamente no estômago dos camundongos uma quantidade equivalente de açúcar àquela autoadministrada no primeiro experimento e os expuseram novamente ao bebedouro com líquido açucarado.

Os pesquisadores observaram que os animais continuaram a lamber o bico do bebedouro com líquido açucarado para consumir mais açúcar. “O experimento demonstrou que a administração crônica de açúcar induziu um comportamento habitual nos animais. Isso não ocorreu com outro grupo de camundongos expostos cronicamente a adoçante”, comparou Ferreira, referindo-se a um terceiro experimento realizado pelo grupo.

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