Cães reconhecem o significado de expressões emocionais, indica pesquisa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/01/2016 às 14:00
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Imagem de cachorro (Foto: Free Images) Estudo apontou que animais conseguem reconhecer e diferenciar expressões emocionais de raiva e alegria tanto em seres humanos como em outros cães (Foto: Free Images)

Da Agência USP de notícias

Quem tem cachorro sabe que, muitas vezes, o melhor amigo do homem parece entender o que dizemos e como nos sentimos. Estudo da bióloga Natalia de Souza Albuquerque, do Instituto de Psicologia (IP) da USP, comprovou o que antes era desconfiança: esses animais conseguem, além de diferenciar, reconhecer expressões emocionais de raiva e alegria tanto em seres humanos como em outros cães. “Obtivemos, com este estudo, a primeira evidência científica de que essa habilidade está presente também em animais não primatas”, destaca a pesquisadora.

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Natalia explica que os primatas, como chimpanzés e macacos Rhesus, são capazes de reconhecer emoções, mas apenas entre si. O estudo mostrou que os cães também fazem isso. Entretanto, até então, apenas seres humanos eram considerados capazes de reconhecer emoções, tanto de outros humanos como de outros animais. Mas a pesquisa de Natalia mudou tudo. “Um dos resultados mais interessantes deste trabalho é mostrar que os cães são os únicos animais, fora os seres humanos, que conseguem reconhecer as emoções entre si e em outras espécies”, comemora.

Um artigo sobre o tema, Dogs recognize dog and human emotions, foi publicado nesta quarta-feira, dia 13 de janeiro, na revista científica Biology Letters, e tem obtido uma grande repercussão na mídia e no meio científico internacional. Uma nota chegou a ser divulgada no site de notícias da Revista Science.

De acordo com a pesquisadora, os resultados dos experimentos mostram que os cães reconheceram muito bem as expressões humanas de raiva e alegria. No entanto, eles foram ainda melhores em reconhecer as expressões de outros cães. “Por isso, acreditamos que esta é uma habilidade intrínseca deles, que são animais naturalmente sociais e já interagiam em seu passado evolutivo com coespecíficos [animais da mesma espécie]“, destaca.

Mas, segundo a bióloga, trata-se também de uma habilidade que deve ter sido altamente vantajosa para o estabelecimento e manutenção das relações com os seres humanos e identificação de pessoas amigáveis ou não. Os dados foram obtidos durante o mestrado da pesquisadora, apresentado ao Instituto de Psicologia (IP) da USP e realizado parcialmente na Universidade de Lincoln, no Reino Unido, onde Natalia é atualmente pesquisadora visitante. A bióloga trabalhou com o grupo do pesquisador Daniel Mills, coorientador do mestrado, um dos maiores especialistas mundiais em comportamento animal. No IP, a orientação foi da professora Emma Otta.

Confira a matéria completa no site da Agência USP de notícias.