Novo método poderá melhorar o diagnóstico do câncer de tireoide

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/12/2015 às 16:22
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foto-600 Pesquisa identificou conjunto de genes que servem de biomarcadores para identificar o carcinoma papilífero de tireoide e determinar quais pacientes têm risco de comprometimento linfonodal (imagem: Wikimedia Commons)

Da Agência Fapesp de notícias

Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Oncogenômica (INCITO), do A.C. Camargo Cancer Center, identificaram um conjunto de genes que servem de biomarcadores para o diagnóstico da forma mais prevalente de câncer tireoidiano.

A descoberta possibilitou a criação de um método preciso, barato e rápido para identificar o carcinoma papilífero de tireoide, para o qual já foi solicitada a patente. Os resultados do estudo, realizado durante o doutorado de Mateus de Camargo Barros Filho, foram divulgados no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

A pesquisa foi orientada por Luiz Paulo Kowalski, coordenador do INCITO – um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) apoiados pela FAPESP em São Paulo. Silvia Rogatto, membro do INCT e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, foi coorientadora do projeto.

“A biópsia pela punção aspirativa por agulha fina é hoje o principal método para determinar se um nódulo tireoidiano é benigno ou maligno. Mas em torno de 20% dos casos o resultado é indeterminado e, por precaução, o paciente é submetido à cirurgia para retirada da glândula. Análises posteriores, no entanto, revelam que em 60% dos pacientes com diagnóstico indeterminado a cirurgia seria desnecessária”, contou Rogatto.

Embora seja possível fazer a reposição artificial dos hormônios produzidos pela tireoide, comentou Rogatto, a retirada cirúrgica da glândula costuma trazer efeitos adversos e requer tratamento para o resto da vida. “Em alguns casos, a paratireoide deixa de funcionar e o paciente torna-se dependente de suplemento de cálcio. Ocorre um descontrole na absorção de fósforo, magnésio e outros minerais importantes para o organismo”, disse.

Segundo o banco de dados Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER), do National Cancer Institute (Estados Unidos), a incidência do câncer de tireoide triplicou nos últimos 35 anos. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou 9.200 casos novos em 2014, sendo 8.050 em mulheres.

Estudos brasileiros indicam que a cidade de São Paulo apresenta uma das maiores taxas, com um aumento de incidência ainda superior ao dos Estados Unidos. Entre as causas apontadas estão a melhora no diagnóstico, graças ao exame de ultrassonografia com punção por agulha fina.

“Esse aumento na incidência de câncer tireoidiano é quase exclusivamente atribuído ao carcinoma papilífero de tireoide (CTP), que é o subtipo mais frequente. Embora esse tumor tenha, de maneira geral, um bom prognóstico, representa um problema de saúde pública por ser muito comum e requerer procedimentos cirúrgicos”, comentou Rogatto.

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