Microcefalia e zika: Fiocruz PE investiga fatores de risco que podem estar correlacionados ao avanço dos casos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/12/2015 às 6:14
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Imagem de recém-nascido com microcefalia (Foto: Edmar Melo / JC Imagem) Estudo investiga fatores de origem infecciosa, fatores genéticos e ambientais que podem estar relacionados com o aumento de casos de microcefalia (Foto: Edmar Melo/JC Imagem)

Após o Ministério da Saúde confirmar a relação entre o vírus da zika e a ocorrência de microcefalia, as investigações sobre o tema continuam para esclarecer questões como a transmissão do vírus, a forma com que ele atua no organismo humano, a infecção do feto e o período de maior vulnerabilidade para a gestante. A Fiocruz Pernambuco, que colabora com as investigações, apresenta nesta quinta-feira (10) o estudo de caso-controle que investiga fatores de origem infecciosa, fatores genéticos e ambientais relacionados com a mudança no padrão de ocorrência da microcefalia, que tinha a maioria dos casos relacionada a causas habituais como a toxoplasmose, a rubéola e o citomegalovírus.

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Espera-se, por exemplo, que os estudos ajudem a esclarecer por que há mães que relatam sintomas de zika na gestação e não tiveram bebês com microcefalia. Por outro lado, há outras que não tiveram esses sinais na gravidez e deram à luz uma criança com essa anomalia congênita.

Para analisar essas e outras questões, a Fiocruz Pernambuco criou três grupos de trabalho: um clínico-epidemiológico, outro voltado para a área de laboratório/virologia e mais um ligado a questões de vetores. A instituição elabora com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, o Ministério da Saúde e o Instituto Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) dois estudos abordando a relação do zika vírus com a microcefalia. São eles: "Microcefalia congênita: estudo de caso-controle" e "Investigação de gestantes com exantema: estudo de coorte".

Além disso, a Fiocruz Pernambuco criou o Serviço de Referência Regional em Arbovírus, que testará semanalmente 30 amostras de soro sanguíneo de pacientes com diagnóstico clínico de zika. O objetivo é confirmar a continuidade da circulação do vírus zika no Estado.

A equipe de clínica e epidemiologia é formada por oito pesquisadores - a maioria médicos de diferentes especialidades (epidemiologia, infectologia, pediatria, clínica), com experiência na área de assistência à saúde e na investigação de agravos de saúde. Esse grupo será responsável por elaborar estudos de caso-controle em gestantes e recém-nascidos com microcefalia e coortes controle.

Pesquisadores da Fiocruz Pernambuco também acompanharão ações de bloqueio de transmissão do vírus da zika (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem) Pesquisadores da Fiocruz Pernambuco também acompanharão ações de bloqueio de transmissão do vírus da zika (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

O grupo de laboratório/virologia do Departamento de Virologia e Terapia experimental (Lavite) da Fiocruz Pernambuco vem, desde o surgimento dos primeiros casos de microcefalia, testando amostras biológicas de diferentes grupos populacionais em relação aos vírus da dengue, chicungunha e zika. Essa equipe está encarregada de realizar testes laboratoriais para identificar a infecção por zika em mães e nos recém-nascidos com microcefalia.

Já a equipe responsável pelos estudos dos vetores visa avaliar a competência vetorial de mosquitos no Estado para zika vírus e determinar a taxa de infecção natural pelo vírus em culicídeos de predominância importante no Estado. Adicionalmente, o grupo acompanhará ações de bloqueio de transmissão de zika vírus. Todas essas atividades estão sendo desenvolvidas em consonância com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Saúde de Pernambuco e conta também com as colaborações de pesquisadores de outras instituições.