É hora de desfazer os boatos em torno do vírus da zika

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/12/2015 às 19:31
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Segundo Fiocruz, não há qualquer registro de crianças ou idosos apresentando sintomatologias neurológicas relacionadas ao vírus da zika (Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem) Segundo Fiocruz, não há qualquer registro de crianças ou idosos apresentando sintomatologias neurológicas relacionadas ao vírus da zika, transmitido pelo Aedes aegypti (Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem)

Diversos áudios têm circulado em grupos de WhatsApp mencionando a possibilidade e a existência de crianças menores de 7 anos e idosos com sintomas neurológicos decorrentes do vírus zika. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) esclarece que essas informações não têm fundamentação científica. Até o momento, não há qualquer registro de crianças ou idosos apresentando sintomatologias neurológicas relacionadas ao vírus da zika.

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É importante também esclarecer que, assim como outros vírus, a exemplo de varicela, enterovírus e herpes, o zika poderia causar, em pequeno percentual, complicações clínicas e neurológicas em adultos e crianças, sem distinção de idade. Quanto ao vetor, até o momento, não existem estudos científicos que apontem para o envolvimento de outras espécies de mosquitos além do Aedes aegypti na transmissão da doença no Brasil.

A Fiocruz vem trabalhando em estreita parceria com o Ministério da Saúde na investigação da doença e prima pela transparência e pela seriedade na divulgação de informações para a sociedade. Por se tratar de uma doença recente e que ainda não foi suficientemente estudada pelos pesquisadores, surgirão muitas dúvidas e perguntas, bem como boatos e informações desencontradas, especialmente nas mídias sociais. É importante, num momento como esse, que a população busque informações de fontes seguras e confiáveis.

Sem boatos

Preocupada com os boatos, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) inicia uma mobilização contra as especulações que só aumentam a sensação de medo na população, especialmente entre gestantes e mães. Nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp, várias pessoas têm recebido mensagens que relacionam vacinas à microcefalia. “As grávidas não podem deixar de tomar as vacinas recomendadas que oferecem imunização a elas e aos fetos”, diz a chefe do Setor de Infectologia Pediátrica do Huoc, Ângela Rocha.

Para orientar a população, a SES preparou um material educativo com o intuito de desfazer os boatos. Sobre as vacinas, a secretaria deixa claro que todas ofertadas pela rede pública de saúde (influenza; coqueluche, difteria e tétano) são seguras. Além disso, não há registro sobre a associação do uso de vacinas com a microcefalia.

Em relação à amamentação, os especialistas reforçam que não há evidências para alterar as orientações já consolidadas sobre o aleitamento materno, assim como a conduta adotada pelos bancos de leite. O Ministério da Saúde também salienta que a identificação do vírus da zika na urina, leite materno, saliva e sêmen pode ter efeito prático só no diagnóstico da doença. Por isso, não significa que essas vias sejam importantes para a transmissão do vírus a outra pessoa. Estudos realizados na Polinésia Francesa não identificaram a replicação do vírus em amostras do leite materno, indicando a presença de fragmentos do zika que não seriam capazes de produzir doença.