Biochip promete auxílio na luta contra a diabetes

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/11/2015 às 15:00
Sem conhecer os efeitos da doença no corpo, 73% dos pacientes com diabetes tipo 2 não alcançam os níveis de glicose recomendados (Foto: Free Images)
Sem conhecer os efeitos da doença no corpo, 73% dos pacientes com diabetes tipo 2 não alcançam os níveis de glicose recomendados (Foto: Free Images) FOTO: Sem conhecer os efeitos da doença no corpo, 73% dos pacientes com diabetes tipo 2 não alcançam os níveis de glicose recomendados (Foto: Free Images)

diabetes Biochip que está sendo desenvolvido por pesquisadores é capaz de detectar os níveis de açúcar no sangue e alertar o paciente que convive com diabetes (Foto: Internet)

Da Agência USP de notícias

O Grupo de Bioeletroquímica e Interfaces do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP (Universidade de São Paulo) está desenvolvendo um biochip, implantável no organismo, capaz de detectar os níveis de açúcar no sangue e alertar o paciente e o médico sobre as medições, em tempo real. As pesquisas começaram por volta de 2008, lideradas pelo professor Frank Nelson Crespilho.

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O biochip consiste em duas fibras de carbono que são inseridas em um cateter e posicionadas dentro da veia. À medida que o sangue passa através do dispositivo, o chip consegue medir, instantaneamente, a concentração de açúcar no sangue. “Há ainda muito o que pesquisar. Estamos em fase de testes. Fizemos uma simulação em ratos, mostrando que é possível ter um componente bioeletrônico implantável, acessível para se fazer monitoramento 24 horas por dia”, comenta Crespilho.

A intenção é que o dispositivo, futuramente, possa enviar para um relógio ou um celular os valores obtidos na leitura das concentrações de açúcar no sangue. Assim, tanto o paciente como o médico poderiam saber em tempo real o atual quadro da diabetes. “Hoje já se tem monitoramento de batimento cardíaco por celular, por exemplo. Então já é uma realidade. Nós mostramos que é possível fazer, que a prova de conceito deu certo. Agora, nesta segunda etapa, precisamos de recursos e interesse.”

Biocélula

Outro dispositivo em desenvolvimento no Grupo de Bioeletroquímica e Interfaces é uma biocélula a combustível (BFC, do inglês bio-fuel cells), ou seja, uma bateria que usa a glicose do sangue para produzir energia. Além da glicose, o sistema também utiliza o oxigênio do organismo, ambos disponíveis no sangue. Através de uma reação química, gera-se eletricidade, e a biocélula é constantemente alimentada.

Uma bateria normal de marcapasso, por exemplo, precisa ser substituída entre cinco a oito anos, através de uma cirurgia. Com o invento do grupo, não há a necessidade de procedimentos invasivos para a troca da bateria, pois ela consegue produzir eletricidade diretamente do sangue, sem a necessidade de ser substituída.

Para testá-la, os pesquisadores a implantaram dentro da veia jugular de um roedor. Os eletrodos têm 20 micrômetros de diâmetro (seis vezes menores que um fio de cabelo), inseridos dentro de um cateter com 0,5 milímetro (mm) de diâmetro por 0,6 mm de comprimento. A bateria consegue gerar uma diferença de potencial maior que 1,0 volt, ou seja, um pouco menos de uma pilha convencional.

Tanto o biochip como a bateria ainda não foram testados em seres humanos, e precisam percorrer um longo caminho de aperfeiçoamento e pesquisa. Segundo Crespilho, o maior desafio atualmente é a biocompatibilidade, ou seja, criar materiais e mecanismos para que o corpo não rejeite os dispositivos. “Nós atacaremos essa etapa nos próximos dez anos, desenvolvendo um projeto grande, para estudar as melhores maneiras para isso. Tudo depende da quantidade de recursos, de quanta gente estaria trabalhando. Já envolveria até a indústria farmacêutica, ou um grupo maior, que queira transferir essa tecnologia”, comenta o professor.

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