Alcoolismo é um dos maiores responsáveis por pedidos de afastamento em São Paulo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/11/2015 às 14:01
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Imagem de garrafas de vinho (Foto: Free Images) Foram 4.375 auxílios-doença concedidos no estado de São Paulo no ano de 2013 em decorrência de doenças causadas pelo alcoolismo (Foto: Free Images)

Dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), São Paulo foi o estado brasileiro que registrou em 2013 o maior número de pedidos de afastamento em decorrência das doenças causas pelo consumo de álcool. No total, foram 4.375 auxílios-doença concedidos. O assunto é inclusive causa de preocupação para a Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou o alcoolismo como uma verdadeira epidemia, sendo suas consequências a terceira causa de mortes no mundo. O Brasil inclusive supera a média mundial, apresentando taxas superiores às de mais de 140 países.

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Gastrite, cirrose hepática (que pode evoluir para câncer), impotência sexual ou infertilidade, infarto, trombose e demência são apenas algumas das doenças relacionadas ao álcool. "O consumo abusivo de bebida alcoólica, além de perigoso por afetar a coordenação e os reflexos, tem impacto na produtividade do trabalhador. A tendência natural é o aumento do desemprego. E, diante do atual quadro de estagnação da economia, ser mandado embora só vai contribuir para agravar o quadro", alerta Angela Nogueira, coordenadora do setor de Serviço Social do Seconci-SP (Serviço Social da Construção - São Paulo).

Houve um avanço recente na abordagem do tema: a percepção de que álcool é droga hoje é uma realidade. Mas, ainda assim, muitas vezes os trabalhadores não percebem que abusam da bebida alcoólica. Além de aumentar o risco de acidentes de trabalho, esse hábito pode causar instabilidade emocional e, consequentemente, gerar violência; e também provocar quadros de nervosismo e depressão.

Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de 50% a 60% da incidência de alcoolismo é genética e transmitida pela mãe. Esse é um fator importante, sobretudo entre as mulheres. Somando-se a isso o fato de que elas estão bebendo mais e cada vez mais cedo, a coordenadora do Seconci-SP recomenda que os pais conheçam de perto os hábitos de seus filhos adolescentes. "Se houver alguma desconfiança ou dúvida sobre como agir, o Serviço Social da instituição está apto a receber e orientar os trabalhadores da construção e seus familiares", pontua.

Novembro Azul

Um estudo de 1995 do Prostate Cancer Prevention Trial, realizado nos Estados Unidos, avaliou associações entre o consumo de álcool (tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo) e o risco de desenvolver câncer de próstata. A conclusão foi de que beber excessivamente (50 g de álcool/dia ou mais) leva a um risco significativamente maior de câncer de próstata de alto grau de malignidade.