Dia Mundial da Diabetes: pacientes pernambucanos reclamam da falta da insulina Lantus

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/11/2015 às 15:30 | Atualizado em 04/07/2023 às 11:22
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Insulina Lantus é indicada no tratamento de diabetes tipo 2 em adultos e no tratamento de diabetes tipo 1 em adultos e crianças com mais de 6 anos. Fornecimento gratuito pelo Estado está interrompido segundo pacientes há, pelo menos, 4 meses (Foto ilustrativa: Free Images)

Este sábado, 14 de novembro, é lembrado como o Dia Mundial da Diabetes, criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A data deveria servir para lembrar que os pacientes que convivem com a doença podem, sim, ter qualidade de vida. Bastaria adotar cuidados simples na rotina e seguir todas as recomendações médicas. Este ano, o sábado, no entanto, será de muita angústia para uma boa parte dos pacientes pernambucanos. O motivo? Há mais de quatro meses que a insulina de longa duração Lantus, fornecida gratuitamente pelo Estado, está em falta.

"Desde janeiro que começou a faltar. Quando chegava, era uma quantidade pequena para o número de pacientes. Mas, há quatro meses, não tem absolutamente nada. Dizem que não tem e que não há previsão de chegar. Houve até uma primeira desculpa de que havia falta de Lantus no mercado, mas isso não procede. Em todas as farmácias que trabalham com insulina, geralmente encontramos a Lantus. O que você percebe é que falta, na verdade, vontade do governo de resolver a situação", reclama o fotógrafo Renato Spencer, 34 anos, que recorre ao fornecimento estadual da medicação para o filho Paulo, 14 anos, que recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 1 no primeiro ano de vida. Outra queixa recorrente de pacientes é que, além da Lantus, outros tipos de insulina e insumos usados, como as tiras de teste de glicemia, demoram a chegar nas prateleiras da Farmácia Popular.

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Renato, que recentemente descobriu que também tem diabetes tipo 1, e outros inúmeros pacientes não têm outra opção: o jeito é desembolsar verba para fazer a compra da medicação pela rede particular. "Realmente temos que comprar mesmo. Conseguimos um desconto através de um cadastro da própria fabricante. É com esse desconto que a gente tem se virado. Mas já me programei para ir lá esta semana e, se receber a mesma resposta, eu vou ao MPPE (Ministério Público de Pernambuco)", conta.

A Secretaria  Estadual de Saúde (SES), por sua vez, informou à reportagem, em nota, que a licitação para aquisição da insulina glargina (nome comercial Lantus) já foi finalizada. Ainda segundo o órgão, a Farmácia de Pernambuco aguarda a entrega das cerca de 22 mil ampolas pelo  fornecedor.

Mobilização

A Associação Pernambucana do Jovem Diabético (APDJ) resolveu fazer uma mobilização no sábado (14) para alertar a sociedade sobre a situação alarmante no que diz respeito à entrega da medicação por parte do governo do Estado. Além do protesto, os membros da entidade orientarão os transeuntes sobre a doença e farão os testes de medição do nível de glicose no sangue.

"Não é todo mundo que usa Lantus que tem condições financeiras para adquirir a insulina nas farmácias particulares. O governo não está cumprindo com uma lei que protege o paciente com diabetes (Lei 11.347/06). Por isso, abraçamos a campanha para orientar as pessoas. Usaremos também um lacinho preto para demonstrar que estamos de luto", conta a presidente da APDJ, Edna Pimentel.