Crianças devem consumir embutidos e carnes? Oncologista pediátrico responde

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/11/2015 às 9:00
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Imagem de salsicha (Foto: Free Images) OMS divulgou que o consumo diário de 50 gramas de carne processada e outros embutidos aumenta em até 18% o risco de câncer colorretal. Levantamento preocupou a população (Foto: Free Images)

Na semana passada, a a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (Irac), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou o seguinte alerta: produtos embutidos, outras carnes processadas e até mesmo as carnes vermelhas são cancerígenos. Os dados afirmam que consumir por dia uma porção de 50 gramas de carne processada aumenta em até 18% o risco de câncer colorretal, que afeta o intestino e o reto, tendo também associações com outros tipos da doença. A notícia pegou de surpresa a população e deixou muitos em dúvida sobre como agir depois desse aviso. Outra preocupação diz respeito a alimentação das crianças. E agora, como lidar?

Para o oncologista pediátrico Paulo Taufi Maluf Júnior, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e do Hospital Sírio-Libanês, a classificação da OMS não significa necessariamente que os pequenos devam parar de comer carne, já que ela é um componente importante da alimentação e seu consumo adequado traz benefícios à saúde. "A carne vermelha contém nutrientes para o desenvolvimento da criança como o ferro que transporta o oxigênio pelo organismo. Sua deficiência, principalmente na infância, pode causar diminuição da capacidade de trabalho físico e alterações em neurotransmissores que prejudicam as funções cognitivas e intelectuais, como aprendizado, concentração e atenção e, em casos de anemia grave, déficit de QI", avalia o médico.

Outro nutriente que vêm da carne vermelha é a Vitamina B12, que atua na formação dos glóbulos vermelhos e nas funções neurológicas. Crianças com carência dessa vitamina podem apresentar atraso no crescimento e no desenvolvimento cognitivo. A carne também tem vitamina K, essencial para a coagulação sanguínea, evitando casos de hemorragia, e zinco, que atua no sistema imunológico, minimizando o risco de infecções. O consumo excessivo de carnes vermelhas em geral - incluindo bovina, suína e ovina - foi incluído pela OMS no Grupo 2a, como "provavelmente cancerígenas". Segundo a organização, o relatório não é um chamado para que a população deixe de consumir carne.

Em relação às carnes processadas e embutidos, o especialista esclarece que tais produtos têm adição de sal ou outros produtos para realçar o sabor e aumentar o tempo de conservação (fermentadas ou defumadas). Desta forma, devem ser consumidos pelas crianças de forma bastante moderada. "É indicado que os pais ofereçam às crianças uma alimentação baseada em verduras, legumes, grãos, frango, peixe, frutas e cereais e que o consumo de carne vermelha deve ocorrer até três vezes por semana", orienta o pediatra.

Outros nutrientes essenciais para o pleno desenvolvimento das crianças, recomenda o médico, são cálcio (leite e produtos derivados do leite, verduras verde-escuras, gergelim, algas, amêndoas, feijão, leguminosas, tofu e ovos); vitamina A (vegetais verdes e amarelos, leite, manteiga, queijo, gema de ovo, fígado, sardinha, mamão, manga e melancia); vitamina C (frutas cítricas) e vitamina D (fígado, ovos, peixes e exposição ao sol).