Microcefalia: Secretaria de Saúde de Pernambuco contabiliza 90 casos de agosto a outubro

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 04/11/2015 às 15:11
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Imagem de grávida (Foto: Free Images) Aumento do número de casos de microcefalia pode ser explicado por diversos motivos, incluindo infecções congênitas, aquelas transmitidas pela mãe ao filho durante a gravidez (Foto: Free Images)

Durante um ultrassom realizado na 22ª semana de gravidez, a inspetora de qualidade Valéria Araújo, 23 anos, recebeu a notícia de que a filha apresentava o tamanho da cabeça menor do que o normal para a idade gestacional, condição chamada de microcefalia. Desde então, os médicos investigam o que pode ter levado a menina, nascida no dia 8 de outubro, a ter desenvolvido essa anomalia congênita, que passou a ser de notificação compulsória imediata em Pernambuco devido ao aumento no número de casos. “De agosto até outubro, tivemos conhecimento de 90 recém-nascidos com microcefalia. Entre 2011 e 2014, a média era de nove registros por ano”, diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque.

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Na tentativa de descobrir a causa da microcefalia apresentada pela filha, Valéria já fez alguns exames. “Foram descartados citomegalovírus, toxoplasmose e rubéola”, diz Valéria, referindo-se a infecções congênitas que podem estar relacionadas à microcefalia. No próximo dia 10, ela vai ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) para que especialistas possam fazer uma investigação criteriosa do caso. O Huoc, o Hospital Barão de Lucena e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira foram as unidades de saúde que começaram a notar uma mudança do padrão de ocorrência da microcefalia no Estado.

“Agora, a partir da notificação obrigatória e imediata, chegamos até as mães nas unidades de saúde e, dessa maneira, começamos a investigar todas as possibilidades que podem ter causado a microcefalia”, informa Luciana Albuquerque. O trabalho com suporte da Organização Pan-Americana da Saúde e do Ministério da Saúde direcionou seis profissionais do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (Episus) para ajudar a fazer busca ativa dos casos.

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Apesar de infecções congênitas entrarem na lista de hipóteses que podem explicar o aumento na incidência da microcefalia, especialistas acreditam que outro agente esteja por trás da atual situação no Estado e investigam uma possível relação entre os casos com a infecção pelos vírus da dengue, chicungunha e zika durante a gestação. Uma nota técnica de 30 de outubro da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde informa que parte das mães relatou presença de exantema (erupção cutânea com pontos vermelhos) em alguma fase da gestação, mas isso não é o suficiente para fazer relação da microcefalia com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, especialmente pela zika, que tem o exantema como uma das características.

Especialistas acreditam que, dos 110 mil casos de dengue já notificados neste ano em Pernambuco, 80% sejam, na realidade, de zika, cuja confirmação só é feita pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará.