Fórmula matemática ajuda médicos a lidar com pé diabético

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/11/2015 às 9:00
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Imagem de pé (Foto: Free Images) O pé diabético, problema circulatório, pode levar a infecção generalizada e amputação de pernas e pés (Foto: Free Images)

Da Agência USP de Notícias

Uma fórmula matemática desenvolvida em pesquisa realizada no Instituto de Química (IQ) da USP (Universidade de São Paulo) e no hospital de ensino da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) utilizou dados sobre o estado de pacientes com pé diabético (doença vascular periférica) para apontar qual a forma mais adequada de lidar com a doença. Causado pelo diabetes, o pé diabético é um problema circulatório que provoca úlceras nos pés e pode desencadear infecção generalizada, amputação de pernas e pés e levar à morte. A fórmula não necessita de computador para ser aplicada e pode ser usada pelos médicos para decidir entre o tratamento clínico com terapia fotodinâmica (PDT) ou a amputação.

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O problema circulatório pode levar a infecção generalizada e amputação de pernas e pés. De acordo com Maurício Baptista, autor da pesquisa, o pé diabético é uma das complicações mais temidas pelos pacientes com diabetes mellitus, sendo a causa mais comum de amputações não traumáticas. "A deficiência na microcirculação periférica do sangue leva a um quadro de neuropatia (problemas nos nervos), facilitando o aparecimento de ulcerações no pé e infecções por micro-organismos", conta. As infecções podem alcançar o tecido dos ossos e causar osteomielite (inflamação óssea). "Cerca de 80% das amputações de membros inferiores, pernas e pés, são feitas em pacientes diabéticos com a doença. Essas amputações causam significativa redução da mobilidade e piora da qualidade de vida", ressalta.

A pesquisa foi orientada pelo professor João Paulo Tardivo, da FMABC, em Santo André, na Grande São Paulo. Ele idealizou o projeto a partir da experiência adquirida com as respostas dos pacientes ao tratamento. "Ele observou que três parâmetros afetavam de forma mais significativa às chances de amputação, os quais são a classificação de Wagner (que atribui notas de 0 a 5, que correspondem à gravidade da doença; quanto maior a nota, pior o quadro clínico do paciente), os sinais de doença arterial periférica e a localização da úlcera no pé diabético", relata o pesquisador.

Devido à dificuldade de se tratar a infecção do pé diabético com antibióticos e para evitar que essa infecção se espalhe pelo organismo, podendo até ser causa de morte, é indicada a abordagem cirúrgica de limpeza dos tecidos doentes. "A amputação de dedos, de pés ou de pernas pode ser necessária, dependendo da gravidade da úlcera e da infecção, mas é uma escolha difícil", ressalta Baptista. "A partir dessa fórmula fica mais fácil decidir entre o tratamento clínico conservador (PDT) ou a opção cirúrgica".

A fórmula recebeu o nome de Algoritmo de Tardivo, em referência ao professor da FMABC. "O algoritmo é muito simples e não precisa de computador para ser aplicado, podendo auxiliar os médicos em centros de saúde, hospitais e prontos-socorros na escolha entre o tratamento ou a amputação", destaca o pesquisador. "A fórmula ainda não é utilizada por ser muito recente. Sua aplicação levará algum tempo, pois é necessária a mudança de paradigma entre os médicos".

Confira a matéria completa no site da Agência USP de Notícias.