Dia Mundial de Combate ao AVC também alerta para a reabilitação de pacientes

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/10/2015 às 8:00
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Ilustração de coração com curativo (Foto: Free Images) Dados apontam que 60% dos cerca de 285 mil brasileiros que tiveram AVC, 50% desenvolverão alguma sequela (Foto: Free Images)

Nesta quinta-feira (29) é celebrado o Dia Mundial de Combate ao AVC (Acidente Vascular Cerebral). Também conhecido como derrame cerebral, o AVC ocorre quando há o entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro - o que pode provocar paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada. Para ter uma ideia, projeções baseadas em dados do Ministério da Saúde apontam que, aproximadamente, 60% dos cerca de 285 mil brasileiros que passaram pelo problema, 50% desenvolverão alguma sequela. Por isso, muito mais do que prevenir, a data também marca a importância dos cuidados essenciais para aqueles que sobrevivem à doença.

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Primeira causa de incapacidade no País, o paciente que já passou pelo diagnóstico e tratamento agudo, precisa encarar um direcionamento fundamental: a reabilitação. Dependendo do quadro do paciente, uma equipe multiprofissional dever ser acionada para coordenar as mais variadas terapias, como fisioterapia, hidroterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia e neuropsicologia. Segundo a médica Adriana Paez Peres, chefe do serviço de Neurofisiologia Clínica e do laboratório de toxina botulínica da ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), o campo da reabilitação visa a independência funcional das pessoas em todos os aspectos. "É uma mudança muito súbita e muito grave em um paciente que era completamente independente e se vê de forma dependente de outras pessoas", explica a especialista.

Infográfico com dados sobre o AVC                                                                                                Infográfico: Malu Silveira/NE10

Espasticidade

Entre as sequelas motoras mais comuns - e dolorosas também - do AVC está a espasticidade, um distúrbio muscular que dificulta o controle dos músculos. Segundo a Associação Brasil AVC, a afecção acomete 40% das pessoas que sofreram um Acidente Vascular Cerebral. O distúrbio pode impossibilitar desde grandes ações até pequenas tarefas do cotidiano, como escovar os dentes, manusear objetos ou escrever.

Uma dos procedimentos da medicina que vem apresentando eficácia é o uso da toxina botulínica para diminuir os efeitos dos espasmos. Um estudo publicado recentemente pela revista The Lancet Neurology comprovou que o uso da substância em pacientes com espasticidade pós-AVC melhora significativamente os movimentos dos membros superiores.

O experimento envolveu cerca de 34 centros de referência em todo o mundo e, utilizando o medicamento em mais de 240 pacientes com espasticidade, comprovou, além da baixa incidência de efeitos colaterais, que a substância foi capaz de melhorar os movimentos dos pacientes com sequelas que afetavam desde os dedos até os ombros, ampliando a capacidade de alongamento dos músculos, permitindo uma maior movimentação de articulações e desenvolvendo assim uma grande melhora na qualidade de vida dessas pessoas. "A espasticidade leva a uma postura anormal e a toxina torna essa postura mais normal e ao mesmo tempo há um relaxamento muscular", afirma Márcio Cunha Andrade, neurologista no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).