Ceatox alerta para os riscos do chumbinho

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/10/2015 às 6:04
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Ceatox computou, em quatro anos, mais de 48 mil atendimentos pela central telefônica (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem) Ceatox computou, em quatro anos, mais de 48 mil atendimentos pela central telefônica (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

O Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox-PE), que é referência para tirar dúvidas da população sobre intoxicações exógenas (medicamentos, produtos de limpeza, raticidas) e acidentes com animais peçonhentos (escorpião, cobra, aranha), chama atenção para as intoxicações com agrotóxico agrícola (chumbinho). Ainda é registrado um alto número de mortes, chegando a mais de 10% dos casos.

“O chumbinho causa problemas no sistema nervoso, respiratório, cardiovascular e digestivo. Depois da ingestão, a pessoa pode apresentar diminuição dos batimentos cardíacos, dor abdominal, distúrbios neurológicos e dificuldade para respirar”, explica a  pediatra e toxologista Lucineide Porto coordenadora do Ceatox-PE.

Ela ainda acrescenta que o produto pode contaminar uma pessoa no simples contato com a pele ou respiração. Em caso de ingestão, dependendo da quantidade, pode levar à morte. “O chumbinho não é eficaz contra as colônias de rato. Esse produto ainda é perigoso para os seres humanos, pois a ingestão pode causar o óbito em poucas horas. Além disso, o comércio desse agrotóxico como raticida doméstico é enquadrado como uma atividade ilícita e criminosa. É importante que a população denuncie pontos de venda”, acrescenta a médica.

Até 2011, o Ceatox-PE funcionava como um setor do Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, área central do Recife. Desde então, foi instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) em Pernambuco, que se tornou o primeiro Estado a tomar a iniciativa no Brasil. Em território nacional, a toxicologia só foi incluída no SUS neste ano.

arte ceatox

Nesses quatro anos, o centro computou mais de 48 mil atendimentos pela central telefônica (0800 7226001, com funcionamento 24 horas). Desse total, 19,8 mil foram por solicitação de informações, 11,1 mil de casos de acidentes com animais peçonhentos ou intoxicações exógenas e 17,5 mil de reavaliações de casos. Em relação aos 11 mil casos, 3.260 (29,9%) envolvia acidentes com escorpiões, com três óbitos. Em segundo lugar, ficam os acidentes com medicamentos (24%, com 24 mortes), seguidos dos acidentes com agrotóxicos agrícolas (chumbinho), com 1.064 casos (9,8%) e 110 óbitos.