Asma impacta produtividade de 9 em cada 10 funcionários, aponta pesquisa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/10/2015 às 13:00
asma-aparelho-235 FOTO:

Imagem de aparelho contra asma (Foto: Free Images) Levantamento constatou que a asma pode causar sérios impactos na vida cotidiana do paciente e também afetar o rendimento profissional do funcionário (Foto: Free Images)

Um levantamento encomendado pelo grupo farmacêutico Boehringer Ingelhein com informações coletadas pelo Ibope constatou que a asma, doença crônica muitas vezes negligenciada que atinge cerca de 20 milhões de brasileiros, pode causar sérios impactos na vida cotidiana do paciente e, inclusive, afetar o rendimento profissional daqueles que convivem com a doença. Para ter uma ideia, 15% dos entrevistados disseram ter asma e 72% deles afirmaram perceber que faltar ao trabalho e prejudicar atividades de rotina são os principais impactos da doença. Resultado: a asma impacta a produtividade de nove em cada dez funcionários.

Leia também:

» Exercício aeróbio reduz inflamação e sintomas de asma, diz estudo

Um dado que também chamou atenção na pesquisa realizada pelo Ibope foi a alta, e também equivocada, percepção de controle da doença. "Apesar dos 72% reconhecerem que faltar ao trabalho é uma consequência dos sintomas da asma, 91% percebem sua doença como ‘controlada’. Esse levantamento nos alerta para a percepção equivocada que os pacientes parecem ter em relação aos sintomas respiratórios que não são valorizados e, consequentemente, podem não receber a avaliação médica adequada", alerta o médico Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Já uma pesquisa global realizada pela Kantar Health, especializada em conhecimentos sobre o consumidor, buscou compreender mais profundamente a influência da asma na produtividade do funcionário. O levantamento, que contou com a participação de 200 brasileiros, revelou que 89% dos pacientes asmáticos afirmaram que a doença afetou seu rendimento ao longo do expediente. "Ao serem questionados sobre o número de horas de trabalho afetadas por conta de sintomas da asma, 72% indicaram quase 7 horas perdidas em função dos sintomas da doença por semana. Isso representa quase um dia útil não trabalhado a cada semana. Esse é um cenário muito preocupante. A asma afeta física e mentalmente os pacientes em seu ambiente de trabalho, o que, sem dúvida, acaba comprometendo sua produtividade", explica o especialista.

Os dados mostram que a doença, quarta causa de internações no Brasil segundo a SBPT, pode causar impactos socioeconômicos na conjuntura do País. Um exemplo disso é que os gastos com a asma grave consomem quase 25% da renda de famílias com quadro financeiro instável. Já o custo do Sistema Único de Saúde (SUS) com as internações fica em torno de R$ 96 milhões: O custo total dos pacientes com asma grave sai por R$181.652,94 ao ano (direto) e R$ 2.838,33 por ano (indireto).

Asma grave

De acordo com a Iniciativa Global contra a Asma (Gina), órgão internacional que reúne e valida estudos sobre a doença, os pacientes são sintomáticos se apresentam pelo menos uma vez nas últimas quatro semanas os seguintes sinais: sintomas diurnos mais de duas vezes por semana, qualquer despertar noturno, uso de medicamentos de resgate mais de duas vezes por semana ou limitação das atividades cotidianas.

Os sintomas prolongados são indicadores de que a asma não está controlada e podem, assim, comprometer significativamente a vida diária dos pacientes. Outros estudos científicos indicam que, apesar de estarem em tratamento, cerca de 40% de pessoas com asma continuam com sintomas. "Por isso é fundamental conscientizar cada vez mais os pacientes sobre a importância do tratamento de manutenção da asma para se obter o controle da doença e reduzir o impacto disso em sua rotina. Pessoas com asma costumam aceitar seus sintomas, quando na verdade deveriam considerar revisitar seu tratamento com o médico", ressalta.