SUS oferecerá novo exame para hepatite C

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/10/2015 às 15:57
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Imagem de mulher com mãos na barriga (Foto: Photl.com) Hepatite C geralmente tem poucos sintomas, entre eles dor abdominal. Elastrografia Hepática Ultrassônica facilitará o diagnóstico dos pacientes que precisam usar novos medicamentos (Foto: Photl.com)

Um novo exame para avaliar o grau de comprometimento do fígado de pacientes com hepatite C será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se da Elastrografia Hepática Ultrassônica, que integra o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hepatite C, publicado este ano no Diário Oficial da União, através da portaria nº 47. A previsão é que o novo exame esteja disponível para os usuários do SUS em até 180 dias.

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O procedimento facilitará o diagnóstico dos pacientes que precisam usar os novos medicamentos para tratamento da hepatite C, sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir, incorporados recentemente ao SUS. O exame, garante o governo, é seguro e eficaz para diagnóstico e definição do estágio da fibrose hepática quando comparada à biópsia hepática, atual padrão de diagnóstico, pois possui níveis de sensibilidade e especificidade significativas, acrescentando a vantagem de ser um exame indolor e não invasivo. Os softwares serão adquiridos pelo Ministério da Saúde e instalados nos equipamentos de ultrassonografia já existentes na rede do SUS.

"Essa incorporação é mais um importante avanço que tem como objetivo ampliar e melhorar, cada vez mais, a assistência prestada aos pacientes com hepatite C. Com esse exame e com os novos medicamentos, o sistema público brasileiro passará a oferecer o que há de mais moderno no diagnóstico e tratamento da doença", explica Fábio Mesquita, diretor do Departamento de Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde.

A incorporação da Elastografia Hepática Ultrassônica foi recomendada pela Comissão de Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hepatite C crônica estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

A doença

Sem diagnóstico até 1993, a hepatite C é uma doença de poucos sintomas, por isso muitos pacientes só descobrem que estão com a doença através de uma doação de sangue, pela realização de exames de rotina ou quando aparecem os sintomas de doença avançada do fígado, como por exemplo inchaço abdominal e urina escura. Além das transfusões de sangue, outras formas de transmissão da doença são o compartilhamento de objetos perfuro-cortantes de uso pessoal e de seringas e agulhas para o uso de drogas.

Em 13 anos de assistência à doença no SUS, foram notificados e confirmados 120 mil casos, e realizados mais de 100 mil tratamentos. Atualmente, são 10 mil casos notificados ao ano. Estima-se que a tipo C seja a responsável por 350 e 700 mil mortes por ano no mundo. No Brasil, são registrados cerca de três mil mortes por ano associadas à hepatite C. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil registra 8.040 novos casos de câncer de fígado ao ano. A doença é responsável de 31% a 50% dos transplantes em adultos.

Desde 2011, o país distribui testes rápidos para a hepatite C. Naquele ano, foram distribuídos 15 mil testes, já em 2014 o número saltou para 1,4 milhão de testes. O Sistema Único de Saúde garante o acesso aos medicamentos de combate à doença para todos os pacientes diagnosticados e com indicação de tratamento medicamentoso. Vale ressaltar que nem todas as pessoas que contraíram o vírus precisam ser medicadas, sendo uma recomendação estabelecida por protocolo e avaliação médica.

Em junho, o Ministério da Saúde anunciou que o SUS passará a ofertar, ainda este ano, um dos tratamentos mais inovadores disponíveis no mundo, composto pelos medicamentos daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir. A nova terapia apresenta taxa de cura de 90%, significativamente maior que todos os tratamentos utilizados até o momento, e duração de 12 semanas, contra as 48 semanas de duração da terapia anterior. Outra vantagem é que todo o tratamento é oral, proporcionando conforto ao paciente e maior adesão.