Nenhuma mulher sem mama: Slogan chama atenção para reconstrução mamária imediata

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/09/2015 às 19:04
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Imagem de mulher com símbolo do câncer de mama (Foto: Hélia Scheppa / Acervo JC Imagem) Sociedade Brasileira de Mastologia celebra o Outubro Rosa chamando atenção para o direito da reconstrução mamária imediata às mulheres que passam pela mastectomia (Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC Imagem)

Estamos às vésperas de outubro, mês em que o mundo reforça a atenção para a conscientização e prevenção do câncer de mama através do movimento Outubro Rosa. Para aproveitar o momento de sensibilização, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) lança o slogan Nenhuma mulher sem mama, com o objetivo de alertar a população para o fato de que a cirurgia da reconstrução mamária imediata não é vaidade, mas um direito de todas as mulheres que passam pelo processo de mutilação devido ao tratamento da doença.

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Apesar disso, segundo a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia, apenas 29,2% das pacientes brasileiras submetidas à mastectomia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram acesso à reconstrução em 2014.

Embora a reconstrução mamária tenha aumentado no período de 2008 a 2014, de 15% para 29,2%, cerca de  7,6 mil mulheres tratadas pelo SUS em 2014 não puderam ser beneficiadas pela Lei nº 12.802, que estabelece a reconstrução mamária como procedimento obrigatório no mesmo ato no qual foram retiradas as mamas. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Júnior, o foco deve se voltar à necessidade de ampliar o número de cirurgiões disponíveis para fazer a reconstrução das mamas. “A mulher brasileira não merece ficar sem acesso à reconstrução imediata”, afirma.

Para Ruffo, os efeitos de uma mutilação parcial ou total são, em 90% dos casos, devastadores. A maioria das mulheres mastectomizadas fica anos aguardando pela cirurgia. “O fator psicológico é diretamente abalado e precisamos reverter essa realidade de baixo acesso à reconstrução”, diz o presidente.

A SBM tem priorizado a formação e o aperfeiçoamento dos mastologistas nesta área para ampliar o número de profissionais qualificados e aptos para a realização desse tipo de procedimento. “Avançamos muitos nos últimos anos através do legislativo. Precisamos agora compartilhar a informação qualificada e contribuir para a realização desses procedimentos”, completa Ruffo, ressaltando que a reconstrução imediata é um direito de cada mulher que passa pela mastectomia, mas só é realizada se as condições clínicas da paciente não oferecerem nenhum risco - ou seja, se houver segurança oncológica.

Só no Brasil, segundo estimativa do governo, serão mais de 57 mil casos em 2015, assim como foi no ano passado. Por isso, durante o mês de outubro, as regionais da SBM realizarão ações educativas. Entre elas, corridas, exposições, palestras e mutirões com apoio das Secretarias de Saúde, organizações não governamentais (ONGs) e instituições de apoio a mulheres com câncer. "A reconstrução imediata eleva a autoestima da mulher e, consequentemente, melhora a qualidade de vida", frisa Ruffo.

Saiba mais

A reconstrução imediata da mama é uma cirurgia que possibilita a reabilitação de pacientes submetidas à mastectomia e ajuda na recuperação emocional e no bem-estar das mulheres afetadas pelo câncer da mama. A Sociedade Brasileira de Mastologia realizou em agosto uma reunião de consenso entre os médicos. Na ocasião, foi constatado que a reconstrução mamária imediata não oferece riscos adicionais para a maioria das pacientes com câncer de mama e, por isso, pode ser oferecida com segurança.