Puberdade precoce é um distúrbio e deve ser tratado, alerta especialista

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 24/08/2015 às 18:00
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Imagem de garota (Foto: Photl.com) Aparecimento de mamas em meninas com menos de 8 anos, aumento do pênis ou testículos em garotos com menos de 9 anos são alguns sinais da puberdade precoce (Foto: Photl.com)

Aparecimento de mamas ou pelos pubianos em meninas com menos de oito anos, aumento do pênis ou testículos e aparecimento de pelos pubianos em garotos com menos de nove anos podem ser sinais de puberdade precoce, uma alteração do início do desenvolvimento sexual. Segundo os especialistas, o período considerado normal para o início da puberdade é de 8 a 13 anos para o sexo feminino e de 9 a 14 anos para o masculino.

A puberdade precoce pode ocorrer por uma alteração na secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), produzido em uma região específica do cérebro, o hipotálamo, levando assim a uma ativação do eixo hormonal hipotálamo-hipófise-gônadas (chamada de puberdade precoce central).

O distúrbio é 10 vezes mais comum em meninas do que em meninos. Nas meninas, geralmente a causa é desconhecida – mas sabe-se que meninas obesas ou expostas a substâncias químicas que alteram os níveis de estrogênios estão mais propensas a desenvolver puberdade precoce. Também alterações nos ovários e nas glândulas suprarrenais podem ser causa de puberdade precoce em meninas. Além disso, sabe-se que entrar muito cedo na puberdade está associado a um maior risco de hipertensão e câncer de mama nas meninas. Já nos garotos, as causas podem indicar problemas mais sérios no sistema nervoso central ou nos testículos ou nas glândulas suprarrenais.

Se não diagnosticada e tratada, a alteração pode ter impacto psicológico e social na criança, além de afetar o desenvolvimento. "Todas as crianças com desenvolvimento sexual precoce devem ser investigadas, pois podem ser sinais de um problema mais sério e estas crianças devem ser tratadas. O principal objetivo do tratamento é impedir que a criança chegue à puberdade antes do tempo desejado e possa, assim, manter seu desenvolvimento cronológico compatível com a idade óssea. As crianças mais desenvolvidas do que colegas da mesma idade podem desenvolver problemas de ordem psicológica e social, como depressão e discriminação e, no caso das meninas, levar a uma gravidez precoce", alerta o endocrinologista pediátrico Gil Guerra Júnior, professor e pesquisador do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O diagnóstico é feito a partir de um conjunto de informações - como histório clínico da criança, exame físico e testes complementares, a exemplo da dosagem hormonal e de imagem para avaliação da idade óssea. Os médicos especializados são os pediatras e endocrinologistas pediátricos. "Com o monitoramento constante e tratamento adequado, a criança pode voltar a ter um crescimento compatível com sua idade", explica o médico.

A PUBERDADE

Quando o corpo de uma criança está pronto para iniciar a puberdade, uma parte do cérebro chamada de hipotálamo libera um hormônio chamado de hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH). Este hormônio faz com que a hipófise (uma pequena glândula na base do cérebro) libere dois outros hormônios: o luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante hormônio de estimulo folicular (FSH). O LH e o FSH estimulam os ovários a produzir estrogênio nas meninas e testosterona nos meninos – que levam às mudanças que vivenciamos durante a puberdade.