Uso de álcool e drogas na gestação favorece a síndrome de abstinência neonatal

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/08/2015 às 7:30
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A síndrome de abstinência neonatal, que ocorre após o nascimento, confirma-se com exame clínico do recém-nascido (Foto: Divulgação) A síndrome de abstinência neonatal, que ocorre após o nascimento, confirma-se com exame clínico do recém-nascido (Foto: Divulgação)

Você já ouviu falar sobre a síndrome de abstinência neonatal? É um distúrbio que engloba um grupo de problemas de saúde que um bebê pode apresentar quando a mãe utiliza drogas e álcool durante a gestação. Praticamente tudo o que ela ingere passa para a criança através da placenta. Nesse caso, os entorpecentes podem gerar dependência no feto, que, por ocasião do nascimento, passa a apresentar a síndrome de abstinência neonatal.

Entre os sintomas mais comuns, estão irritabilidade extrema, hipersensibilidade, tremores e alteração do padrão do sono. Eles surgem geralmente entre o primeiro e o terceiro dia de vida.

Quando a ingestão de bebidas alcoólicas acontece até a oitava semana de gravidez, período em que a maioria das futuras mamães não sabe que está grávida, os problemas que o feto pode desenvolver são alterações faciais e malformações importantes no coração e nos rins, mas também em todos os outros órgãos. Se o hábito prosseguir, o principal atingido é o sistema nervoso central.

“O dano cerebral é generalizado conforme anormalidades funcionais à medida que a criança cresce. Os problemas mais frequentes são dificuldade na linguagem e, principalmente, no aprendizado de matemática. Além disso, o quociente intelectual é baixo, em torno de 70, ocorrendo ainda déficit de atenção e hiperatividade”, explica a pediatra Conceição Segre, coordenadora do Grupo de Trabalho sobre os Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

É importante salientar que o uso de entorpecentes durante a gravidez pode causar diversos problemas no desenvolvimento do bebê, como convulsões. A cocaína, por exemplo, tem potencial de ocasionar restrição do crescimento do feto, interferindo na diminuição do peso e causando malformações. Já a maconha pode levar a retardo no sistema nervoso do feto e a distúrbios neurocomportamentais.

“No decorrer da vida do indivíduo, as lesões provocadas pelo álcool podem se manifestar por alterações comportamentais, dificuldades de aprendizado, de linguagem e de socialização, assim como retardo mental e toxicodependência”, afirma Conceição.

Ainda em relação ao álcool, os sinais de lesão cardíaca variam de sopros até casos graves de insuficiência cardíaca. Se o rim for atingido, pode acarretar em infecções urinárias e chegar à insuficiência renal aguda. Quanto ao consumo do tabaco, estudos comprovaram que o fumo diminui o peso fetal em até 200 gramas, além de existir a possibilidade de a criança sofrer com asma, bronquite e rinite alérgica.

A síndrome de abstinência neonatal que ocorre após o nascimento confirma-se com a realização do exame clínico do recém-nascido e com as alterações neurológicas que são visualizadas com exames de imagem.