Cerca de 3 mil brasileiros com esclerose múltipla podem ter tratamento interrompido

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 08/07/2015 às 11:04
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A esclerose múltipla é uma doença neurológica que acomete cerca de 35 mil pessoas no Brasil (Imagem: Free Images) A esclerose múltipla é uma doença neurológica que acomete cerca de 35 mil pessoas no Brasil (Imagem: Free Images)

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS) publicou, no dia 1º de julho, uma consulta pública para decidir se a betainterferona 1a de 30mcg, um tipo de terapia indicada para o tratamento da esclerose múltipla, continuará ou não a ser disponibilizada gratuitamente pelo SUS. A consulta pública está disponível no site da Conitec. Especialistas e sociedade civil podem enviar suas contribuições até o dia 21 de julho.

Após o anúncio e a abertura da consulta, as associações de pacientes e entidades médicas já começaram a se manifestar contra os argumentos apresentados pelo órgão. Confira o depoimento de uma paciente sobre o tratamento no site da Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME). 

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Caso a Conitec decida pela exclusão, cerca de 3 mil brasileiros que convivem com a esclerose múltipla e utilizam o medicamento terão o tratamento interrompido, com o risco de apresentar surtos e complicações em relação a sua saúde.

A betainterferona 1a de 30mcg, desenvolvida pela Biogen, está incluída no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla do Ministério da Saúde desde 2002, como terapia padrão. Atualmente, 20% dos pacientes brasileiros em tratamento na rede pública utilizam o medicamento - um dos primeiros para a esclerose múltipla remitente-recorrente. O medicamento é a única terapia plataforma intramuscular com administração uma vez por semana, o que representa benefícios na comodidade e manejo da medicação.

Eficácia do medicamento

A betainterforena 1a de 30mcg teve a aprovação baseada na segurança e na eficácia comprovadas em duas pesquisas clínicas que envolveram mais de 1,1 mil pacientes. Em três anos, o medicamento reduziu a taxa de desenvolvimento da doença pela metade e, após dois anos, retardou significativamente o tempo de progressão da incapacidade dos pacientes. O medicamento também apresentou melhora nos parâmetros cognitivos mais frequentes em comparação ao placebo.

Além disso, 11 estudos com mais de 12 mil pacientes, que avaliaram diversas terapias padrão para o tratamento da esclerose múltipla recorrente-remitente após o lançamento, demonstraram que o medicamento tem eficácia similar a outras medicações hoje disponíveis para o tratamento da doença.

Disponível em mais de 90 países, o medicamento é uma das terapias mais prescritas no mundo para o tratamento da doença. Atualmente, cerca de 127 mil pessoas são tratadas com esse medicamento em todo o mundo.