Em 10 anos, número de crianças obesas no Brasil pode chegar a 75 milhões, alerta OMS

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 27/06/2015 às 12:00

Imagem de comida fast food (Foto: Free Images) Um dos fatores que leva a obesidade entre crianças e adolescentes é o consumo de fast-food; especialista alerta para os riscos do consumo exagerado desse tipo de alimentação (Foto: Free Images)

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, revelou que uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade está acima do peso recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os meninos, a obesidade chega a 16,6%; já em relação às meninas, os dados somam 11,8%. Se medidas não forem tomadas pelos órgãos competetentes, a OMS estima que, até o ano de 2025, haja 75 milhões de crianças com sobrepeso e obesidade no País.

Um dos fatores que leva a obesidade entre crianças e adolescentes é o consumo de fast-food. "Este tipo de hábito alimentar acompanha o modelo globalizado de alimentação", explica Karina Aragão, nutricionista e coordenadora do curso de nutrição da UniCEUB (Centro Universitário de Brasília). A especialista alerta que o sabor agradável e as propagandas massivas sobre esse tipo de alimentação são algumas das razões para o início precoce do consumo de fast-food na infância e a perpetuação na adolescência.

"Diversos estudos vêm demonstrando que crianças acima do peso apresentam transtornos psicológicos como depressão, ansiedade e dificuldade de ajuste social. Diversas vezes indivíduos obesos sofrem estigmatização social e discriminação, podendo impactar negativamente em sua qualidade de vida”, explica a especialista. O consumo exagerado desses alimentos podem trazer sérios problemas de saúde. "Considerando que esses alimentos são ricos em gordura saturada, gordura trans e açúcar, mas com boa palatabilidade, as crianças tendem a querer consumir com alta frequência e a exposição a estes componentes predispõe ao estresse oxidativo, favorecendo o desenvolvimento de resistência à insulina e dislipidemia, o que gera aumento precoce do risco cardiovascular", ressalta Karina Aragão.

Para afastar os riscos, um dos passos é evitar o consumo exagerado de sal e açúcar. Alimentos industrializados também não são recomendados. "Salsicha, nuggets, salgadinhos de pacote e macarrão instantâneo são ricos em sódio e gordura e pobres em nutrientes. Alimentos que parecem saudáveis e não são, como sucos industrializados 'de caixinha' e cereais matinais também são repletos de sódio, aditivos químicos e pobres nutricionalmente. Por isso, o melhor é aprender a ler os rótulos dos alimentos para não cair nas armadilhas. O que não deve ser feito é tornar a alimentação saudável algo obrigatório e os alimentos industrializados algo proibido, porque o resultado é desastroso", alerta.

Para a mudança dos hábitos alimentares, Karina Aragão recomenda que os pais introduzam no cardápio dos filhos frutas, sejam elas isoladas ou combinadas com outras ou ainda com castanhas, vitaminas de frutas com leite, variando as preparações e evitando a monotonia. Os sanduíches também são boas opções quando montados com pães com menor teor de gordura e menos aditivos, uma fonte de proteína magra como queijo branco ou frango desfiado, acompanhado de salada. Refrigerantes também devem ser controlados. "Refrigerantes são péssimos. Além de ricos em açúcar e sódio, contêm aditivos químicos que prejudicam, por exemplo, o aproveitamento do cálcio", explica.

"Quem opta por comer em lanchonetes e restaurantes deve priorizar os pratos saudáveis, como saladas e frutas, alimentos ricos em fibras e pobres em açúcar, sal e gordura ruim e, principalmente, ser disciplinado. O ideal é preparar o próprio lanche em casa para não ficar refém do que estes locais oferecem. Planejamento é a palavra-chave", afirma a nutricionista.