As 10 dúvidas mais comuns sobre impotência sexual e uso de prótese peniana

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/06/2015 às 16:40
Protese_Peniana_Inflavel_destaque FOTO:

Prótese inflável reproduz a ereção tal como ela ocorre quando o homem não tem disfunção erétil (Foto: Divulgação) Prótese inflável reproduz a ereção tal como ela ocorre quando o homem não tem disfunção erétil (Foto: Divulgação)

Cerca de 50% dos brasileiros acima dos 40 anos (25 milhões de homens no País) convivem com a disfunção erétil, também chamada de impotência sexual, em algum grau: leve, moderado e grave. Mesmo os casos mais severos da doença podem ser controlados, a fim de permitir ao casal resgatar a vida sexual. O implante de próteses penianas é uma alternativa para casos graves de disfunção erétil, quando medicamentos e outras terapias não são bem-sucedidos. Diferetemente do que se imagina, os implantes penianos infláveis proporcionam uma ereção muito próxima do natural, com elevados índices de satisfação do casal.

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Para orientar sobre a gravidade da doença, o diagnóstico correto da doença e a indicação dos tratamentos adequados, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lançou a Campanha Nacional contra a Disfunção Erétil - De Volta ao Controle. O médico urologista Antonio de Moraes Junior, chefe do Departamento de Andrologia da SBU, esclarece as 10 dúvidas mais comuns e o tratamento da forma mais grave da doença. Confira:

1 - Ter dificuldade de alcançar e manter uma ereção esporadicamente ou em raras situações é um indício de que o homem tem disfunção erétil?

O fato de o homem eventualmente falhar na “hora H” não significa que tenha disfunção erétil ou impotência sexual. A doença pode estar presente quando há total incapacidade ou inconsistência para se atingir uma ereção ou quando a tendência de se sustentar ereções curtas é recorrente. A SBU orienta o homem a se consultar com o urologista especialista no assunto, que pode atendê-lo com o auxílio de outros profissionais, como psicólogo, cardiologista e endocrinologista.

2 - O que causa da disfunção erétil? Estresse da vida moderna e ansiedade?

A disfunção erétil é uma doença de causas múltiplas. Pode estar associada a problemas de ordem psicológica, como ansiedade, depressão, fadiga, culpa, estresse, crise de relacionamento e expectativa sobre o desempenho sexual. Mas a ereção pode ser afetada por questões orgânicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e disfunções hormonais (como baixo nível de testosterona). Outra causa possível é o priapismo, ereção prolongada originada por outros motivos que não o desejo sexual e que pode ser resultado de anemia falciforme, terapias injetável e oral para disfunção erétil usadas de maneira inapropriada e consumo de drogas ilegais.

"Se o paciente costumava ter orgasmos antes de receber a prótese peniana, continuará a tê-los normalmente", diz Antonio de Moraes Junior (Foto: Divulgação) "Se o paciente costumava ter orgasmos antes de receber a prótese peniana, continuará a tê-los normalmente", diz Antonio de Moraes Junior (Foto: Divulgação)

3 – O uso de algumas medicações pode causar disfunção erétil?

Também é fator de risco o uso de alguns remédios como antipsicóticos, antidepressivos, anti-hipertensivos, anticonvulsivantes, anfetaminas, antagonistas da histamina, hormônios, opiáceos e medicamentos para doença cardiovascular e de Parkinson. A disfunção erétil também tem vínculos com alcoolismo, tabagismo e distúrbios sexuais, como ejaculação precoce, diminuição da libido e até mesmo a doença de Peyronie (curvatura acentuada do pênis). Pode resultar ainda de cirurgias que interrompam o fluxo de sangue ou inibam terminações nervosas (prostatectomia radical, ressecção transuretral da próstata, intestinais que envolvem o reto e períneo, de bexiga ou uretra, para a doença de Peyronie e cirurgias da coluna vertebral).

4 - Após o implante da prótese, o homem terá ereção permanente?

Há dois tipos de prótese disponíveis: a semirrígida e a inflável. Com a prótese semirrígida, o pênis fica ereto permanentemente, embora seja possível deixá-lo em diferentes posições de acordo com a necessidade. Já a prótese inflável reproduz a ereção tal como ela ocorre quando o homem não tem disfunção erétil. Isso porque o sistema desse tipo de prótese imita o fluxo sanguíneo natural no momento da ereção. Trata-se de uma tecnologia de inflação e deflação totalmente controlável, o que permite uma ereção no momento desejado.

5 - É possível identificar os homens que possuem prótese peniana?

A prótese inflável permite o total estado de flacidez do pênis quando não há o desejo da ereção. Isso se deve ao mecanismo moderno desse tipo de implante, que é composto por uma bomba, implantada no saco escrotal que ativa e desativa o sistema de ereção, um reservatório localizado no abdome que envia o fluido para preencher os cilindros alojados no pênis, conferindo rigidez ao membro. Todos os componentes são internos. Aparentemente, não é possível perceber a existência da prótese inflável. A prótese semirrígida, ao contrário, deixa o pênis em constante ereção, embora seja possível dobrá-la a 90º. Por isso, em determinadas situações, a ereção fica aparente e pode ser percebida, o que causa constrangimentos.

Com a prótese semirrígida, o pênis fica ereto permanentemente, embora seja possível deixá-lo em diferentes posições de acordo com a necessidade (Foto: Divulgação) Com a prótese semirrígida, o pênis fica ereto permanentemente, embora seja possível deixá-lo em diferentes posições de acordo com a necessidade (Foto: Divulgação)

6 - A prótese interfere na ejaculação e no orgasmo?

Se o paciente costumava ter orgasmos antes de receber a prótese peniana (semirrígida ou inflável), continuará a tê-los normalmente. O mesmo vale para a capacidade de ejaculação. Ou seja, o implante de prótese peniana permite a retomada da vida sexual de forma completa.

7 – O implante de prótese peniana afeta a fertilidade?

O paciente que realiza o implante permanece fértil. Os testículos, local onde são produzidos os espermatozoides, são conservados, e o processo de ejaculação não é afetado. Então, é possível que o homem ainda tenha filhos utilizando uma prótese peniana.

8 - Os pacientes submetidos a tratamento cirúrgico retomam normalmente à atividade sexual?

Independentemente do tipo de prótese implantada, cada paciente se restabelece da cirurgia de uma forma diferente, mas o tempo médio de recuperação varia de quatro a seis semanas e da retomada da vida sexual de quatro a oito semanas. Algumas atividades precisarão ser suspensas durante esse período, especialmente as relações sexuais, e é o médico quem definirá o que poderá ou não ser feito nesse tempo. Ao seguir as orientações, a retomada da rotina será mais rápida, e os resultados da cirurgia melhores.

9 - É recomendado algum cuidado após a cirurgia?

É necessário treinamento para o correto manuseio da prótese, seja ela semirrígida ou inflável. Recomenda-se consultar o urologista sobre os resultados esperados.

Veja como manusear a prótese inflável (Infográfico: Divulgação) Veja como manusear a prótese inflável (Infográfico: Divulgação)

10 - No Brasil, os sistemas de saúde garantem a cobertura de todos os tratamentos disponíveis para disfunção erétil?

O Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente a substância sildenafila, na forma de comprimidos de 20, 25 e 50 gramas. O SUS também cobre a realização da cirurgia para implante da prótese peniana semirrígida. Nenhuma medicação, seja oral ou injetável, é oferecida pela saúde suplementar. Os planos de saúde só cobrem a cirurgia para implante da prótese semirrígida. O SUS e planos de saúde não garantem cobertura de bombas a vácuo, supositórios, injetáveis e implantes infláveis. Vale alertar que o acesso a qualquer terapia contra disfunção erétil deve ser mediante orientação e prescrição do urologista.