Repertório da vida sexual dos idosos contempla cumplicidade, carícias e desejo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 08/06/2015 às 22:26
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Sexualidade envolve sentimentos, contato físico, carinho e emoção (Foto: Free Images) Sexualidade envolve sentimentos, contato físico, carinho e emoção (Foto: Free Images)

Sexualidade no envelhecimento ainda é um tema cercado por tabus e, consequentemente, marcado por preconceitos. A redução da atividade sexual entre os idosos é notória. A pesquisa Mosaico Brasil, que contou com mais de 8 mil entrevistados e foi coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, retratou que, entre o público dos 18 e 25 anos, 90,4% dos homens e 83,3% têm vida sexual ativa. Após os 61 anos, os percentuais caem para 87,1% dos homens e 51,2% das mulheres.

A questão é que, mesmo diante de mudanças orgânicas capazes de promover a queda da libido entre os idosos e influenciar a maneira como as pessoas dessa faixa etária encaram a vida sexual, é possível alcançar o prazer com o avançar da idade.

É o que garantem os especialistas. “A sexualidade, que continua presente na vida de muitos idosos, é um conceito muito amplo e que envolve não apenas o ato sexual em si, mas também sentimentos, contato físico, carinho e emoção. Como em qualquer faixa etária, no envelhecimento, exploramos a sexualidade de forma bastante individual”, diz o médico geriatra Alexandre de Mattos, preceptor de geriatria do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco (Huoc/UPE).

O depoimento dele deixa transparecer que casais de idosos podem também sentir satisfação sem penetração. Segundo Alexandre, o prazer sexual dos idosos depende de vários aspectos. As condições de saúde que cada um apresenta, por exemplo, podem influenciar o desejo.

É por isso que se recomenda conversar com o paciente sobre o assunto durante uma consulta. “Precisamos ser pró-ativos, principalmente quando estamos diante de um idoso. Em muitos casos, questões relacionadas à vida sexual devem ser abordadas nos atendimentos. Geralmente é uma conversa que deve ser iniciada por nós, geriatras, já que o idoso geralmente tem dificuldade para tocar no assunto”, frisa o médico.

"Questões relacionadas à vida sexual devem ser abordadas durante as consultas", diz o geriatra Alexandre de Mattos (Foto: Igo Bione /Acervo JC Imagem) "Questões relacionadas à vida sexual devem ser abordadas durante as consultas", diz o geriatra Alexandre de Mattos (Foto: Igo Bione /Acervo JC Imagem)

A importância de registrar informações sobre vivência sexual no prontuário do idoso mostra o quanto uma sexualidade ativa e gratificante pode ser pré-requisito, em alguns casos, para uma vida saudável e feliz. “É claro que tudo depende do que cada um deseja. Há idosos que não sentem necessidade de explorar a vida sexual e se sentem bem assim”, diz Alexandre. Outro grupo se interessa em cultivar o sexo e, nesse sentido, a comunidade médica, os psicólogos e sexólogos podem ajudar.

Há casos em que medicações para a libido (ou disfunção erétil, no caso dos homens) podem ser prescritas. Em outras situações, apenas uma simples conversa durante a consulta médica resolve as inquietações sexuais do público idoso. Nos casos em que a falta de desejo está relacionada a problemas emocionais, a terapia também pode ajudar.

Assim, embora o repertório sexual no envelhecimento não seja mais tão intenso como na juventude, a sexualidade pode ser ativada com carícias prolongadas, amor e muita cumplicidade.