Teste do pezinho: só 20% dos recém-nascidos pernambucanos são triados no período ideal

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 05/06/2015 às 12:20
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Teste do pezinho deve ser feito entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) Teste do pezinho deve ser feito entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Entre o terceiro e o quinto dia de vida, o recém-nascido recebe um furinho no pé que tem um valor imenso. Estamos falando do teste do pezinho (ou triagem neonatal), que possibilita o diagnóstico de algumas doenças nos primeiros meses de vida e tem dia nacional é lembrado neste sábado (6/6). Trata-se de um dos exames essenciais para o bebê. Contudo, cerca de 20% dos meninos e meninas triados chegam aos serviços de saúde no tempo oportuno. Atualmente, em Pernambuco, quatro doenças podem ser descobertas com o teste - e duas delas, se não tratadas a tempo, podem deixar sequelas irreversíveis na criança, como retardo mental.

Em 2014, de acordo com dados preliminares, dos 143.076 bebês nascidos no Estado, 102.825 (71,8%) fizeram o teste do pezinho. O percentual aumentou em comparação aos anos anteriores (como em 2007, que registrou 55,80% de cobertura), mas ainda é preciso ampliar para que todos os nascidos em Pernambuco sejam testados. Atualmente, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) faz um trabalho para estimular os municípios a abrirem novos postos de coleta nas Unidades Básicas de Saúde para facilitar o acesso.

Do total de crianças que fizeram o teste do pezinho em 2014, apenas 20.493 (19,93%) foram triadas no período ideal. “O teste do pezinho é gratuito e está disponível em mais de 200 postos de coleta distribuídos em 180 municípios pernambucanos. Quando algum recém-nascido tem resultado suspeito para alguma das doenças triadas, há uma articulação com a atenção primária do município e o posto de coleta. O objetivo é a busca ativa do recém-nascido, a fim de confirmar o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento”, afirma a coordenadora estadual de Triagem Neonatal da SES, Telma Costa.

No período de 2001 a 2014, foram diagnosticados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal 39 casos de fenilcetonúria, 304 de hipotireoidismo congênito, 489 de doença falciforme e outras hemoglobinopatias e dois de fibrose cística (essa última triagem foi foi implantada em janeiro de 2014).

Para fazer o teste do pezinho, os pais ou responsável devem levar um documento de identificação com foto, a certidão de nascimento da criança ou declaração de nascido vivo entregue pela maternidade na alta (via amarela) e o comprovante de residência.

Após a coleta, as amostra são encaminhadas, via Correios, para o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE), responsável pelo exame, que fica pronto em até 10 dias após o recebimento da amostra. A logística de transporte das amostras pelos Correios faz parte de um projeto piloto do Ministério da Saúde e tem contribuído com a redução dos tempos entre a coleta e a liberação do resultado.

“Ressaltamos a importância de cobrar nas consultas na atenção primária o resultado do teste do pezinho e registrar na Caderneta de Saúde da Criança”, diz Telma.

A rede de acompanhamento e tratamento de doenças diagnosticadas pelo teste do pezinho encontra-se estabelecida no Hospital Barão de Lucena (fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito), Hemope (doença falciforme e outras hemoglobinopatias) e no Imip (fibrose cística).