Estudo revela impactos da dor relacionada ao câncer na qualidade de vida dos pacientes

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 04/06/2015 às 18:00

Imagem de médico com prancheta (Foto: Free Images) Estudo ACHEON aponta um impacto significativo da dor na qualidade de vida dos pacientes com câncer, afetando vida profissional e autoconfiança (Foto: Free Images)

A empresa farmacêutica Mundipharma divulgou os resultados do seu primeiro estudo transversal sobre as perspectivas dos pacientes quanto ao tratamento da dor oncológica. A aprentação da pesquisa aconteceu durante o 51º Encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), que aconteceu em Chicago, no estado norte-americano de Illinois, de 29 de maio a 2 de junho.

Chamado de ACHEON, o estudo reuniu dados coletados com 1.190 pacientes de 10 países asiáticos. Os resultados apontam um impacto significativo da dor oncológica na qualidade de vida dos pacientes, afetando especialmente sua vida profissional e sua autoconfiança. A partir dessa análise, é possível comprovar a necessidade de desenvolver uma gestão mais eficaz da dor durante o tratamento oncológico, com práticas que devem reunir esforços organizações institucionais, sociais e regulatórias.

De acordo com a pesquisa, 92% dos pacientes relataram que a dor afetou negativamente suas atividades diárias; 86% dos entrevistados disseram que a dor afetou seus padrões de sono; 87% relataram impactos relevantes nos níveis de concentração e foco; 70% dos pacientes empregados reforçaram os impactos da dor em seu desempenho no trabalho e 67% afirmaram sentir uma dependência excessiva de outras pessoas. O estudou apontou também que 53% dos pacientes entrevistados atribuíram sua dor ao câncer, enquanto 18% a relacionaram ao tratamento (quimioterapia ou radioterapia). Do total, 40% dos pacientes acreditaram que sua dor foi subtratada em algum momento, afetando negativamente o restante do tratamento.

Dentre os 1.059 pacientes que tiveram sua dor oncológica tratada, apenas 286 receberam opioides, que são altamente indicados nesse tipo de terapia. Mais de 80% dos entrevistados nunca foram encaminhados a uma clínica com foco em dor, metade dos pacientes tiveram sua dor avaliada de acordo com uma escala de intensidade e apenas 6% foram tratados por um especialista em dor. A multifatoriedade da dor oncológica dificulta seu diagnóstico etiológico. Entretanto, mesmo com essa dificuldade, é fundamental que a dor seja aliviada para proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente, resultando em uma maior adesão ao tratamento oncológico especifico.

"O impacto da dor em pacientes oncológicos merece atenção não só na Ásia, mas em todo o mundo. Especialmente em países como o Brasil, onde a questão da dor ainda é subdiagnosticada e subtratada", alerta o oncologista Elge Werneck Júnior, membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. "A dor relacionada ao câncer é uma condição complexa e debilitante que, além de impactar na vida pessoal do paciente e sua família, cria um ônus socioeconômico significativo. É fundamental que a dor passe a ser encarada como um problema e tratada como tal", ressalta o especialista.