Proteste alerta: antibióticos em frangos podem gerar bactérias resistentes

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/06/2015 às 12:17
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A maioria das bactérias morre a 70ºC. Então, é fundamental cozinhar bem os alimentos (Foto: Free Images) A maioria das bactérias morre a 70ºC. Então, é fundamental cozinhar bem os alimentos (Foto: Free Images)

O uso indiscriminado de antibióticos na produção animal tem contribuído para gerar bactérias resistentes. Uma das maneiras de essas superbactérias entrarem em nosso organismo é pelo consumo de carnes mal cozidas. Para verificar a situação na carne de frango, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) comprou 50 peitos de frango congelados, em fevereiro, em supermercados e hipermercados da cidade de São Paulo. Em todas as amostras, havia bactérias resistentes.

No laboratório, foi constatada a prevalência de bactérias resistentes a antibióticos betalactâmicos e produtores de ESBL (ß-lactamases de espectro estendido), enzimas que conferem resistência a um dos grupos de antibióticos mais utilizados na prática clínica humana e veterinária: os betalactâmicos. Esses incluem as penicilinas, seus derivados sintéticos e semissintéticos e as cefalosporinas, como a cefotaxima e a ceftazidima, entre outros.

Após o isolamento das bactérias produtoras de ESBL, foi determinado o grau de resistência aos antibióticos. Essas bactérias podem causar infecções urinárias, gastrenterites e outros problemas graves, especialmente em pessoas mais sensíveis, como idosos, pacientes imunodeprimidos ou que usem dispositivos médicos invasivos, como cateteres ou sondas.

A maioria das bactérias morre a 70ºC. Então, é fundamental cozinhar bem os alimentos. Se reaproveitar as sobras, aqueça bem antes de servir. Além disso, manipule alimentos crus e cozidos em separado: lave as mãos com frequência e só corte carne crua na mesma tábua que folhosos após lavá-la bem (não use a mesma faca para ambos – só depois de lavar). Outra dica: higienize bem frutas e legumes. E essencial: tome antibióticos apenas quando o médico receitar, seguindo à risca as instruções de uso.

Medidas

Diante da preocupante situação encontrada, a Proteste está cobrando dos Ministérios da Agricultura e Saúde mais fiscalização sobre a prescrição e aplicação dos antibióticos para controle de doenças nos animais. Foi pedida a instalação de sistemas de monitoramento nacional e internacional para reduzir o impacto das resistências aos antibióticos.

Ao Ministério da Saúde, foi sugerida a promoção de campanhas de sensibilização para o bom uso de antibióticos. Os resultados também foram enviados à recém-criada Comissão de Vigilância Sanitária em Resistência Microbiana da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que visa elaborar normas e ações para o monitoramento, controle e prevenção da resistência microbiana.