Gestantes podem contar com ajuda de doulas (Foto: Free Images)
Chamar pelo nome, demonstrar respeito, promover o cuidado e dar apoio psicológico às mulheres em trabalho de parto são práticas são comuns a 20 mulheres que se reuniram na tarde da segunda-feira (11), na Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. Elas são doulas, profissionais que dão apoio às mães durante a gestação, na hora do parto e no pós-parto. Trabalham de forma voluntária para a Secretaria de Saúde do Recife. Essas mulheres receberam uma capacitação sobre o manejo da dor na hora do parto e os recursos ambientais que podem ser usados para isso.
O programa voluntário das doulas no Recife atende às maternidades Arnaldo Marques, Bandeira Filho e Barros Lima. É importante pelo fato de que o ambiente hospitalar é desconhecido e gera ansiedade e insegurança à gestante. Por isso, a doula cumpre esse papel humanizador. "É preciso confiar no parto e na natureza. Temos que acreditar que aquela mulher sabe parir e que esse bebê sabe nascer", frisa a mestre em enfermagem e especialista em obstetrícia, Tatianne Frank, que ministrou a capacitação.
"Muitas mulheres remetem a dor do parto à passagem bíblica em que Deus castiga Eva, dizendo que ela vai parir com dor, mas eu gosto de tratar com as mulheres que a dor é algo positivo; é como um aviso de que o bebê está chegando. Olhando por essa ótica fica bem mais fácil", completa Tatianne. Ela acrescentou que o parto humanizado não é apenas uma técnica, mas uma escolha que vai trazer total autonomia à mãe. As doulas receberam orientações sobre como proporcionar alívio às mulheres por meio de uma visão diferente da dor do parto.
Para a coordenadora da Política de Saúde da Mulher, Ana Karla Matos, o parto humanizado busca fortalecer a autonomia e o protagonismo da mulher no momento do parto. "A humanização busca uma intervenção mínima no processo que é fisiológico e normal, exceto se houver evidências sólidas de necessidade. Com essa prática, as elevadas taxas de cesarianas no País poderão ser reduzidas”, avalia Karla.
A doula Diana Vilar, uma das voluntárias, atua no segmento há oito anos e defende o parto humanizado. "Em primeiro lugar, tudo é feito pelo bem-estar da mulher. E esse acompanhamento, que também é um apoio psicológico, faz toda a diferença nesse momento", diz Diana.