Exercício físico é ouro de lei para quem convive com a doença de Parkinson

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/04/2015 às 6:00
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Assim como outros exercícios, o pilates pode melhorar a marcha, o equilíbrio, a força e a flexibilidade das pessoas com Parkinson (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) Assim como outros exercícios, o pilates pode melhorar a marcha, o equilíbrio, a força e a flexibilidade das pessoas com Parkinson (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

Comumente identificada pelo tremor das mãos, a doença de Parkinson é multifacetada: tem características que vão além dos distúrbios motores (rigidez muscular, dificuldade para iniciar movimentos, marcha lenta e instabilidade postural). Por isso, neste dia em que o mundo volta as atenções para a enfermidade que acomete cerca de 200 mil brasileiros, vale informar que pessoas com Parkinson estão sujeitas a desenvolver sintomas depressivos, distúrbios do sono, problemas de fala e respiração, transtornos de deglutição e até alterações no olfato.

Um detalhe importante é que, apesar de incurável, a doença é passível de controle. Os pacientes contam com tratamento medicamentoso e cirúrgico, mas que tende a ser pouco eficaz em quem é sedentário. O neurologista Márcio Andrade, do Ambulatório de Parkinson do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife, explica o motivo: “É proibido as pessoas com Parkinson ficarem paradas porque o objetivo da doença é paralisá-las”. Então, atividade física é ouro de lei – ou seja, deve ser absorvida como uma terapêutica de valor inestimável.

O médico reforça que, quanto mais o paciente se mantém ativo, melhor. Treinar a marcha e o equilíbrio através da fisioterapia, por exemplo, é importante. "Além disso, recomendamos que as pessoas com Parkinson recorram a fonoterapia e a exercícios de terapia ocupacional", acrescenta Márcio Andrade.

O artigo Doença de Parkinson: alterações funcionais e potencial aplicação do método pilates, publicado no periódico da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), ressalta que o pilates, por exemplo, evita o agravamento de uma série de sintomas que dificulta a vida dos pacientes com Parkinson. Além disso, as autoras do estudo mostram que a prática pode manter a independência funcional da pessoa que vive com a doença.

Benefícios dos exercícios supervisionados por um profissional

- Melhora da marcha e do equilíbrio

- Aumento da força e da flexibilidade

- Melhora do condicionamento aeróbico

Sintomas da doença

- Lentidão de movimentos

- Agitação ou tremor em repouso

- Rigidez dos braços, pernas ou tronco.

- Problemas com o equilíbrio e quedas, também chamado de instabilidade postural

- Transtorno do humor (depressão, ansiedade, irritabilidade)

- Alterações cognitivas (problemas de memória, alterações de personalidade, psicose e alucinações)

- Prisão de ventre

- Suor excessivo, especialmente nas mãos e pés

- Perda de olfato

- Distúrbios do sono

Percepção

O neurologista Igor Bruscky, do Hospital Esperança Recife, ressalta que a maioria dos pacientes não percebe o início a doença. "Os parentes mais próximos é que costumam notar a dificuldade em executar tarefas simples, como segurar um objeto ou manter a coordenação motora”, explica o médico.

A eficácia do tratamento, que consiste em controlar os sintomas, é maior quando a doença é diagnosticada no início. "O principal objetivo da conduta terapêutica é proporcionar qualidade de vida ao paciente. Cada caso é avaliado cuidadosamente, para que se aplique o melhor tratamento", finaliza o neurologista.