Síndrome de Down: o dom de ser plural na singularidade

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 21/03/2015 às 6:00
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síndromededownEu havia acabado de escrever uma matéria sobre síndrome de Down, publicada no dia 20 de agosto de 2006, no Jornal do Commercio, quando conheci o meu marido, Antonio Faria. Ele é irmão de Mariana, que faz parte do universo de 300 mil brasileiros que convivem com essa característica genética. Não sei se foi mera coincidência, mas o fato é que me senti abençoada por ter conhecido Mariana num momento em que, pela profissão, tinha acabado de mergulhar no universo de pessoas que apresentam traços diferentes e, ao mesmo tempo, únicos.

Ao escrever essa matéria, poucos dias antes de conhecer Mariana, aprendi bem mais do que o significado biológico da síndrome de Down, cujo dia internacional é marcado hoje (21/3) por várias ações em todo o mundo. Costumo defini-la como uma característica genética que leva a pessoa a adotar um jeito diferente de ser normal. As diferenças existem simplesmente para nos mostrar que, quando temos a oportunidade de conviver na diversidade, passamos a ser pessoas mais humanas, simples e humildes.

É claro que o diagnóstico de síndrome de Down é sempre um impacto na família. É comum que preocupações e dúvidas despontem em relação ao desenvolvimento da criança, à socialização, a possíveis limitações e à autonomia. Diante de todo esse cenário, acredito que o caminho mais bem-sucedido é o da aceitação.

down Com muita luz, sabedoria e espontaneidade, as pessoas com síndrome de Down ensinam que cada ser humano tem o dom de ser plural na singularidade (Foto: Arquivo pessoal)

Primordial é aceitar que as pessoas com síndrome de Down têm mais características em comum com o resto da população do que diferenças. Como qualquer um de nós, elas sentem, amam, sonham, aprendem, estudam, trabalham, malham e são capazes de aproveitar o melhor que a vida tem a nos oferecer.

E o mais importante: as pessoas com Down têm uma habilidade imensa de nos ensinar. Com muita luz, sabedoria e espontaneidade, elas ensinam que cada ser humano tem o dom de ser plural na singularidade. Obrigada por transmitir diariamente essa lição a mim, Mariana.