Amamentação pode aumentar inteligência, diz pesquisa brasileira inédita

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 20/03/2015 às 9:00
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Criança amamentada por, pelo menos, um ano obtém, aos 30 anos, quatro pontos a mais de QI, segundo pesquisa inédita (Foto: Divulgação) Criança amamentada por, pelo menos, um ano obtém, aos 30 anos, quatro pontos a mais de QI, segundo pesquisa inédita (Foto: Divulgação)

Já sabemos que a amamentação oferece muitos benefícios para a saúde e o desenvolvimento dos bebês, pois protege contra diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de reduzir o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. E os efeitos do aleitamento materno a longo prazo acabam de ser revelados por uma pesquisa inédita, realizada por pesquisadores da Universidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

O estudo acompanhou cerca de 3,5 mil recém-nascidos durante mais de três décadas. Segundo a publicação, uma criança amamentada por, pelo menos, um ano obteve, aos 30 anos, quatro pontos a mais de quociente de inteligência (QI) e acréscimo de R$ 349 na renda média.

A pesquisa reforça que, quanto mais duradouro o período de amamentação na infância, maiores os níveis de inteligência e a renda média na vida adulta até os 30 anos. É o primeiro estudo no Brasil a mostrar o impacto no QI e o primeiro internacionalmente a verificar a influência na renda. O estudo foi publicado, na última quarta-feira (18/3), pelo The Lancet - uma das publicações científicas mais importantes do mundo.

Outra questão inédita do estudo é mostrar que, no Brasil, os níveis de amamentação estão distribuídos de forma homogênea entre diferentes classes sociais, não sendo mais frequente entre mulheres com maior renda e escolaridade.

Para a realização da pesquisa, os responsáveis pelo estudo, Cesar Victora e Bernardo Horta, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), contaram com financiamento do Ministério da Saúde e de entidades como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), a Wellcome Trust e o International Development Research Center, do Canadá.

Como foi feita a pesquisa

As informações sobre o desempenho nos testes de QI e o tempo de amamentação foram obtidas entre 3.493 participantes da amostra inicial de nascidos em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1982. Nos primeiros anos de vida das crianças, os pesquisadores coletaram dados sobre o tempo de amamentação de cada uma delas. Quando estavam com 30 anos, em média, os participantes realizaram testes de QI (Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, terceira versão), e as informações sobre grau de escolaridade e nível de renda também foram coletadas.