Cerca de 7 milhões de brasileiras em fase reprodutiva têm endometriose

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/03/2015 às 12:00

Mulheres com endometriose geralmente se queixam de dores pélvicas, menstruações dolorosas e fluxo intenso (Foto: Free Images)

A endometriose é mais comum do que se imagina: acomete de 10% a 15% das mulheres em fase reprodutiva. Ou seja: cerca de 7 milhões de brasileiras são acometidas pelo problema, que causa fortes dores e favorece a infertilidade. O dado é da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Vale informar que a endometriose é uma doença inflamatória que ocorre quando o tecido que reveste o útero (conhecido como endométrio) se expande fora dele, chegando a lugares onde não deveria crescer, como os ovários e a cavidade abdominal.

Dores pélvicas e durante a relação sexual, menstruações dolorosas, fluxo intenso e alterações no hábito intestinal e urinário são sintomas que podem levar o médico a suspeitar da doença. Considerada uma das principais causas de infertilidade, a endometriose não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento.

O professor do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Mauricio Abrão, responsável pelo Setor de Endometriose do Hospital das Clínicas da USP, alerta que mulheres que passam mais de um ano tentando engravidar e não conseguem devem investigar se têm endometriose.

"Com o diagnóstico precoce, elas têm opções de tratamento que minimizam os impactos no bem-estar diário e possibilitam a programação de uma gravidez com tranquilidade", diz o médico.

PESQUISA

Infelizmente, a endometriose ainda é desconhecida por boa parte das mulheres. Pesquisa divulgada recentemente e realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), em parceria com a Bayer, aponta que 53% das entrevistadas desconhecem a endometriose.

No mundo, a doença afeta cerca de 180 milhões de mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda não se conhece exatamente a causa da endometriose, mas se sabe que fatores imunológicos, genéticos e hormonais estão associados ao surgimento doença.

Clinicamente, na maioria dos casos, 44% das mulheres levam cerca de cinco anos reclamando sobre dores e desconfortos até chegar ao diagnóstico definitivo da doença. A recomendação para elas é observar as respostas do seu corpo e compartilhar com o ginecologista.

"É importante que todas as mulheres, em período reprodutivo, fiquem atentas e alerte o médico sobre alguma anormalidade para que uma investigação minuciosa possa ser realizada. Assim, é possível identificar e tratar o problema com mais rapidez”, ressalta o especialista.