Aprendizagem pode ser potencializada com políticas públicas, diz fonoaudióloga

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/02/2015 às 6:00
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Alunos podem chegar a uma série sem saber realmente o que deveriam por carência de estímulos, entre outras causas (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem) Alunos podem chegar a uma série sem saber realmente o que deveriam por carência de estímulos, entre outras causas (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

Apenas 10,8% das cidades brasileiras (580 municípios) cumpriram metas de aprendizagem em matemática nos anos finais do ensino fundamental. Em língua portuguesa, o percentual é um pouco maior: 29,6%. Desde 2011, o movimento Todos pela Educação tem verificado queda nesses percentuais. Só para se ter ideia, em 2009, 83,7% dos municípios cumpriram a meta para o ano em português no fim do ensino fundamental e 42,7%, em matemática.

Há muitas questões por trás dessa tendência negativa. Entre elas, a ausência de políticas públicas específicas para os anos iniciais do ensino fundamental, o que pode repercutir no aprendizado posterior do aluno. É o que acredita a presidente do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), Bianca Queiroga. Recifense, ela tem se debruçado em temas relacionados ao desenvolvimento da aprendizagem.

"Também acredito que esses resultados podem ter ligação com a formação dos professores e o apoio que a família oferece às crianças", diz Bianca. Além disso, ela explica que os alunos podem chegar a uma série sem saber realmente o que deveriam por falta também de recursos didáticos adequados e por carência de estímulos.

"Alunos incentivados conseguem alcançar um bom patamar de aprendizado funcional, que facilita a realização de tarefas como compreender um aviso, escrever um bilhete e realizar uma operação básica de matemática", acrescenta a fonoaudióloga. A falta de oportunidade para aprender, segundo Bianca, pode se refletir em crianças que estão numa escola que não tem um bom projeto pedagógico e nem bons recursos materiais.

"É muito importante a escola contar com um fonoaudiólogo na educação infantil", diz Bianca Queiroga (Foto: Igo Bione/Acervo JC Imagem) "É muito importante a escola contar com um fonoaudiólogo na educação infantil", diz Bianca Queiroga (Foto: Igo Bione/Acervo JC Imagem)

"Também pode acontecer com alunos que vivem em famílias e comunidades que não incentivam os estudos ou as habilidades acadêmicas. Então, essas crianças terão baixo desempenho na escola e apresentarão dificuldades por falta de oportunidades para aprender."

A presidente do CFFa ainda ressalta que é importante o olhar do fonoaudiólogo no cenário escolar para a potencialização da aprendizagem. "É muito importante ter um fonoaudiólogo na educação infantil porque, nos primeiros seis anos de vida, acontece o período crítico do desenvolvimento da linguagem, que é determinante para o sucesso do aprendizado ao longo da vida escolar", explica Bianca.

Além disso, ela reforça que o fonoaudiólogo pode ajudar o professor a promover a aprendizagem no tempo esperado e orientar toda a equipe educacional sobre a forma mais adequada para agir diante do aluno com dificuldades.