Cigarro Eletrônico oferece mais riscos do que benefícios

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/01/2015 às 15:00
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cigarro eletrônico Anvisa proíbe a venda do e-cigarro no Brasil por falta de comprovação de segurança

O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda assim, 1,2 bilhão de pessoas no mundo é fumante. Em 2003, a fim de oferecer uma alternativa para quem busca consumir a nicotina de forma pouco nociva, o farmacêutico chinês Hon Lik criou o cigarro eletrônico (e-cigarro). É um aparelho movido à bateria, que converte a nicotina diluída em líquidos específicos, como propilenoglicol, em vapor.

Por não conter as outras 4,7 mil substâncias provenientes da queima do tabaco, o e-cigarro virou a sensação para os que desejam diminuir ou largar o vício. Funciona com o uso de refis, possui opções sem nicotina, além de diferentes sabores, entre eles chocolate, morango e menta.

Atualmente, o mercado de cigarros eletrônicos é concorrido e valioso: 466 marcas disputam a indústria, já avaliada em US$ 3 bilhões.

Um estudo publicado em 2013, na revista científica PLoS One, mostrou que fumar apenas a nicotina não reduz o risco de câncer de pulmão. Segundo os resultados, a substância pode alterar a expressão dos genes nas células, o que torna o aparecimento da doença mais provável.

O e-cigarro ajuda a parar de fumar?

Para analisar a eficácia do aparelho, pesquisadores americanos da Universidade da Califórnia compararam fumantes que tentam parar sozinhos e aqueles que usam o cigarro eletrônico. O primeiro grupo contou com 861 voluntários - 13,8% deles conseguiram deixar o vício. Já no segundo, somente 10,2% dos 88 participantes alcançaram êxito.

“Em alguns casos, após iniciar o uso do cigarro eletrônico, a pessoa retorna ao cigarro convencional mais intensamente ou tem uma troca de dependência”, alerta a médica Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano, membro da Comissão de Tabagismo da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.

É perigoso?

A OMS considera os cigarros eletrônicos como os convencionais, em termos de comercialização e uso em locais fechados. A nicotina é uma substância perigosa. Por isso, os produtos compostos por ela devem ser consumidos controlada e limitadamente.

Como possuem essências altamente atrativas e que despertam a atenção dos mais jovens, é preciso cuidado redobrado com as crianças e adolescentes. O inicio do vício pode acontecer precocemente em contato com o dispositivo.

Aos fumantes passivos, Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano explica que, no cigarro eletrônico, existem menos componentes da fumaça e em menor concentração. Assim, a exposição não é tão grave, em comparação ao cigarro convencional.

Legalização

Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda do e-cigarro no Brasil por falta de comprovação de sua segurança.

No início de 2014, o Parlamento Europeu criou uma lei que iguala o cigarro eletrônico ao convencional. Já o órgão regulador de drogas e alimentos dos Estados Unidos (FDA) organiza um protocolo para tornar ainda mais rígido o controle do e-cigarro.

Mesmo com a proibição no Brasil, quem deseja obtê-lo consegue comprar em lojas de produtos importados com facilidade.