Como eu aprendi a tirar, armazenar, congelar e usar o leite materno

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/09/2014 às 5:10

Congelamento de leite materno exige cuidado (Foto: Arquivo pessoal) Congelamento de leite materno exige cuidado (Foto: Arquivo pessoal)

Amamentação sempre foi um assunto que encheu minha cabeça de dúvidas. Logo quando João Antonio nasceu, o dilema era: “Deixo ou não ‘chupetar’ depois que ele enche a barriguinha?” No começo, realmente não deixava. Mas se passaram algumas semanas e aprendi que a amamentação vai além do objetivo de deixar o bebê satisfeito, simplesmente pelo fato de que nossos filhos não têm apenas fome de leite. Eles também precisam da sucção não nutritiva (aquela que popularmente chamamos de “chupetar”), pois o ato de sugar também satisfaz o bebê afetivamente e gera um sentimento de prazer e de segurança. Por isso, mais do que alimentar o neném com um leite rico em todos os nutrientes do bem, amamentar também acalma e é fundamental para o amadurecimento psíquico.

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Passaram-se alguns meses e as minhas dúvidas, às vésperas de voltar ao trabalho, migraram para o armazenamento do leite materno. Afinal, tenho que deixar alguns potinhos congelados pra João Antonio. Nunca, em todos esses 4 meses e meio, usei tanto a desmamadeira para tirar leite, congelá-lo e usá-lo. Tirei todas as minhas dúvidas com o Banco de Leite Humano do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) - e também com a amiga Adriana Paiva, que já me orientou muito e tem uma linda vivência de amamentação com a pequena Nina, 9 meses.

A desmamadeira tem que ser aquela que se adapte a nós: pode ser manual ou elétrica. Ah, também é possível tirar o leite de forma manual (os bancos de leite ensinam como fazer). A desmamadeira elétrica é mais prática, mas tem várias manuais ótimas também. A minha, elétrica, é esterilizada assim: depois de lavar com água e sabão, deixo por 1 hora em 1 litro de água misturado com 1 colher de sopa de água sanitária. Essa água pode ser usada por até 24 horas. Ou seja, não precisamos prepará-la todas as vezes em que precisamos limpar a desmamadeira ao terminamos de tirar o leite.

Os potinhos onde são armazenados o leite materno devem ser esterilizados por 15 minutos em água fervente. Eu uso uns potinhos da Avent, mas há recipientes de outras marcas, como os da Mam, e também saquinhos da Medela. Outra opção, para o armazenamento e que pode ser mais prática, é usar qualquer recipiente de vidro com tampa de plástico (sim, aqueles de café e de maionese servem). O recipiente deve secar naturalmente, de boca para baixo em cima de uma toalha. Só depois que o pote estiver sequinho é que se pode colocar o leite materno dentro dele.

Assim, depois de tirar o leite materno e colocá-los nos potinhos (tenho o cuidado de não encher o recipiente por completo porque o leite “incha” depois de congelado; sempre deixo dois centímetros de espaço até a borda de cada pote), ele vai para o congelador. É preciso etiquetar cada um deles com o dia em que o leite foi tirado e a hora. Isso ajuda a controlar a validade – cada potinho só dura 15 dias no congelador, desde que a temperatura esteja abaixo de 10 graus negativos (apenas depois desse tempo é que existe o risco de micróbios crescerem no leite e fazerem mal ao bebê). Um parêntese: quem quiser que o leite dure mais tempo leva o leite para o Imip pasteurizar. Caso um recipiente com leite congelado não estiver cheio, a gente pode completar com outras tiradas de leite, ao colocarmos mais leite no pote.

Como faço o descongelamento

Para o descongelamento, sempre tiro cada pote do congelador 30 minutos antes de João Antonio se alimentar. Esse processo é o mais chato para mim porque demora um pouco. E se o bebê tiver com fome e a gente fizer o descongelamento em cima da hora, é um Deus nos acuda. Para esse processo, deve-se fazer assim: esquenta água (assim que a água começa a ferver, a gente desliga. Se ferver demais, pode tirar os micronutrientes do leite materno) e coloca o potinho com leite materno dentro dessa água. E mais: o leite materno nunca pode ser fervido e nem esquentado diretamente; tem que ser dentro do recipiente.

Quando descongelado assim, está pronto para dar ao bebê. Até 1 mês, quando João Antonio tomava cerca de 60 ml, eu conseguia dar no copinho. Depois disso, passei para a mamadeira. Especialistas dizem que as mamadeiras atrapalham a amamentação, pois exigem menos esforço para o bebê na hora da sucção. Nunca tive problemas com João Antonio em relação a isso, mas há mães que realmente têm.

Se acontecer de o potinho ter uma quantidade de leite maior do que a gente acha que o bebê deseja, a dica é tirar o que vai dar ao bebê e colocar em outro potinho o restante dentro da geladeira, onde pode ficar por, no máximo, 12 horas para garantir que não seja contaminado. Para guardar o leite na geladeira, é preciso usar a prateleira de cima, que é a mais fria, e nunca guardar o recipiente na porta do aparelho. Uma vez descongelado, esse leite não deve ser recongelado (o Imip diz que até pode, desde que fique uma pedrinha de gelo no processo de descongelamento, mas eu prefiro não recongelar). Se acontecer de o bebê não tomar toda a mamadeira toda, nada de guardar o leite que ficou. Esse deve ser desprezado mesmo.

Para transportar o leite congelado com segurança

Outro detalhe importante é o transporte. Os recipientes com o leite materno congelado devem ser acondicionados numa caixa de isopor ou bolsa térmica, com aquelas bolinhas de gelo reutilizável. Assim que chegarmos ao destino, devemos colocar o potinho com leite imediatamente no congelador.

Parece tudo muito difícil à primeira vista, né? Mas, em pouco tempo, a gente pega a prática. Quer tirar todas as dúvidas? Sugiro ligar para o Banco de Leite Humano do Imip (81 2122-4719 e 81 2122-4103) ou, até mesmo, dar uma passadinha lá. Vale muito a pena.