Vai um cafezinho aí? Deguste até quatro xícaras por dia sem prejudicar a saúde

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/08/2013 às 15:17

Olha só que legal: a sede do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo conta com a Unidade Café e Coração, fruto de uma parceria com o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.

É lá onde estão em desenvolvimento pesquisas que analisam as propriedades nutracêuticas do café. Ou seja, verifica-se como a bebida é capaz de oferecer benefícios à saúde, desde que seja degustada com moderação.

O médico e pesquisador Luiz Antonio Machado César, do InCor, assegura que podemos tomar até quatro xícaras por dia sem prejudicar a nossa saúde, desde que não tenhamos sensibilidade à cafeína.

É Luiz Antonio quem avalia os efeitos do café sobre variáveis que envolvem o sistema cardiovascular. A intenção do estudo é verificar quais são os efeitos da bebida na pressão arterial e no coração de pacientes que já convivem com doenças coronárias.

Baseado em pesquisas recentes, o médico diz que não há evidências de que o café seja ruim para pessoas que têm problemas no coração. Entre esses estudos, está um desenvolvido há quatro anos na Unidade Café e Coração, instalada no InCor. Foi analisado, através de uma bateria de exames, o comportamento de mais de 100 pessoas que tomavam a bebida.

O especialista frisa que a pesquisa é feita da seguinte forma: convocam-se pessoas saudáveis e pessoas com doenças coronarianas. Antes do início das análises, todos os voluntários são proibidos de ingerir cafeína durante três semanas. Uma bateria de exames é feita com cada paciente: testes de esteira, exame que monitora continuamente a atividade elétrica cardíaca de pacientes por 24 horas ou mais, aferição da pressão arterial e dosagens de sangue.

Em seguida, é realizado um sorteio. Alguns pacientes são selecionados para beber café de torra clara; outros, para beber café de torra mais escura. Cada um recebe uma cafeteira com café e recebe orientações de preparo da bebida. Durante quatro semanas, cada voluntário toma de três a quatro xícaras de café por dia. Em seguida, voltam ao consultório e repetem todos os exames.

Os pacientes que haviam tomado o café de torra mais escura devem repetir o mesmo procedimento, durante quatro semanas. Só que, dessa vez, ingerindo café de torra mais clara – e vice-versa. Todos os voluntários retornam ao consultório e repetem os exames.

“Os resultados mostram que tomar café não faz mal. O café de torra clara tem leve tendência a aumentar a pressão arterial. Já o café de torra escura não causou nenhuma alteração na pressão”, diz Luiz Antonio. Ele reforça que houve somente um discreto aumento no colesterol ruim, mas também no colesterol bom – aquele que oferece benefícios para a saúde. “Observou-se ainda que, depois de ingerir café, as pessoas normalmente conseguiam andar mais na esteira.”

O médico acrescenta que, no século passado, algumas pessoas acreditavam que o consumo de café trazia malefícios à saúde por aumentar a pressão sanguínea, causar arritmia e até mesmo provocar infartos. Entre 2000 e 2001, estudos começaram a comprovar que essas crenças não possuíam base científica.

“Estudos recentes sugerem, inclusive, que o índice de mortalidade é menor entre as pessoas com diabetes que tomam café, em comparação com aquelas que têm a doença e não consomem a bebida”, frisa Luiz Antonio. Ele assegura ainda que não há evidências que comprovem a relação entre o consumo de café e a ocorrência de infartos.

Sobre a ingestão de café por quem tem hipertensão ou já passou por procedimentos cardiovasculares (como ablação e cateterismo), o médico informa que essas pessoas podem degustar a bebida de forma moderada, desde que sejam acostumados a tomar café. “Entretanto, alguns indivíduos são mais sensíveis a determinados tipos de alimento. Há uns que consomem cafeína e têm taquicardia. Nesses casos, não é recomendado ingerir.”

A intenção é que os estudos clínicos da Unidade Café e Coração no InCor também verifiquem efeitos do café descafeinado e do café expresso.

* Post produzido com informações do departamento de comunicação Embrapa