Ministério da Saúde incorpora vacina contra HPV ao SUS

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/07/2013 às 22:25

Pela primeira vez, a população brasileira terá acesso gratuito a um imunizante que protege contra câncer, graças à incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) da vacina contra o papilomavírus (HPV), usada para prevenir câncer de colo do útero. Já em 2014, meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses necessárias para a imunização.

A meta é vacinar 80% desse público-alvo, que atualmente soma 3,3 milhões de pessoas. O vírus HPV, diga-se de passagem, é responsável por 95% dos casos de câncer de colo do útero, o segundo que mais atinge mulheres, atrás apenas do mamário.

“Vamos preparar muito bem esse público e suas famílias, além de reforçar uma estratégia que envolve escolas e professores. O intuito é provocar uma grande sensibilização”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele destacou ainda que a vacinação reduz a circulação do vírus no Brasil.

A vacina para prevenção da doença tem eficácia comprovada para quem ainda não iniciou a vida sexual e, por isso, não teve contato com o vírus. A escolha do público-alvo levou em consideração evidências científicas, estudos sobre o comportamento sexual e a avaliação de especialistas que atuam no Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI), vinculado ao Ministério da Saúde.

A vacina que estará disponível na rede pública é a quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer. No escopo do acordo entre Ministério da Saúde e os fabricantes da vacina (Butantan e Merck Sharp & Dohme), que atuarão em parceria tecnológica, está prevista a possibilidade de uso da versão nonavalente, que agregará outros cinco sorotipos à vacina.

ESTRATÉGIA - As três doses serão aplicadas, com autorização dos pais ou responsáveis das pré-adolescentes, de acordo com o seguinte esquema: após a aplicação da primeira dose, a segunda deverá ocorrer em dois meses e a terceira, em seis meses.

Para chegar com mais agilidade ao público-alvo e ampliar a adesão à proteção contra o HPV, a estratégia inclui imunização nas unidades de saúde e nas escolas. Após o primeiro ano de imunização, a oferta deverá passar de 12 milhões de doses para 6 milhões de doses por ano, pois parte do público-alvo já estará imunizado.

A incorporação da vacina complementa as demais ações preventivas do câncer de colo do útero, como a realização de exames e o uso de preservativo em todas as relações sexuais. “É uma vacina que protege, mas não elimina as medidas de saúde que já estão sendo tomadas pelas mulheres para proteção contra o vírus”, reforçou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

SAIBA MAIS

O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de 100 tipos. Do total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. No Brasil, a cada ano, mais de 685 mil pessoas são infectadas por algum tipo do vírus.

Em relação ao câncer de colo do útero, a cada ano, 270 mil mulheres no mundo morrem por conta da doença. No Brasil, 5.160 mulheres morreram em 2011 em decorrência da enfermidade. Para 2013, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 17.540 novos casos.

O Ministério da Saúde orienta que as mulheres dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo anualmente.