Falta de capacitação de profissionais dificulta tratamento da hanseníase

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/01/2013 às 0:02

No último domingo deste mês, 27 de janeiro, é o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. Até 2011, foram registrados 33.955 novos casos da doença no Brasil, segundo dados do Saúde Brasil, divulgados em outubro de 2012.

O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Nulvio Lermen Jr., lembra que ainda existem questões que dificultam o tratamento, especialmente no setor público, como acessibilidade e falta de capacitação dos profissionais que atuam junto às comunidades.

"A ação dos gestores de saúde precisa atingir tanto médicos quanto população. Por isso, são importantes os programas que reúnem ações de vigilância e conscientização para favorecer o diagnóstico precoce, essencial para o sucesso do tratamento”, ressalta.

O médico lembra que, além das dificuldades estruturais, outra dificuldade que o paciente com hanseníase enfrenta é o preconceito. “A hanseníase é uma doença que não apenas expõe o paciente, mas também é referenciada como uma coisa ruim e uma maldição em muitas regiões. Esse cenário contribui para uma baixa aderência ao tratamento por parte do próprio paciente”, explica Nulvio Lermen Jr.

No enfrentamento da hanseníase, o médico de família e comunidade (MFC) tem importante papel no processo de diagnóstico e de tratamento. “O acompanhamento a longo prazo, fator fundamental do atendimento prestado pelo MFC, permite que esse estejamos sempre alerta para identificar antecipadamente a doença e o seu estágio", esclarece.

SAIBA MAIS

Hanseníase é uma doença transmissível através das gotas eliminadas no ar pela tosse, fala e espirro e também pelo contato direto com as lesões da pele de uma pessoa com hanseníase que não está em tratamento. A enfermidade é causada por uma bactéria e afeta principalmente a pele e os nervos, o que causa limitações de mobilidade nos pacientes. A hanseníase em si não mata, mas as complicações decorrentes da doença podem ser letais.

- A hanseníase é o mesmo que lepra

- A hanseniase tem cura. O tratamento é feito exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades Básicas de Saúde ou em centros de referência, por cerca de 6 a 12 meses, dependendo da classificação da doença

- Outros fatores que envolvem a transmissão da doença são: cidades com baixo índice de desenvolvimento humano, altos níveis de pobreza/miséria, ausência de vigilância sanitária, locais insalubres para se viver

- Sem tratamento, é uma doença contagiosa. A transmissão se dá pelo ar, através das vias aéreas superiores. Quando o paciente está em tratamento, a possibilidade de transmissão cessa logo nas primeiras semanas