Atuação fonoaudiológica é fundamental nas redes de cuidados em AVC

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/10/2012 às 1:15

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde chamou atenção ontem (29/10), no Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), para os perigos desse problema popularmente conhecido como derrame, que atinge 16 milhões de pessoas no mundo anualmente e causa um óbito a cada seis segundos. Só no Brasil, o número de vítimas fatais pelo problema chega a quase 100 mil pessoas. E mais: atualmente, segundo o Ministério da Saúde (MS), o AVC é responsável pela primeira causa de mortes registradas no Brasil.

Para juntar forças capazes de reduzir a taxa de mortalidade e de oferecer qualidade de vida a quem sobrevive a esse problema, que acontece quando as artérias que irrigam o cérebro sofrem uma obstrução, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) promove o Simpósio Interdepartamental sobre Acidente Vascular Cerebral, durante o 20º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que começa amanhã (31/10) em Brasília.

A fonoaudióloga Roberta Gonçalves da Silva, doutora em fisiopatologia em clínica médica, é uma das palestrantes que participam da mesa de debates sobre Redes de Cuidados em AVC: perspectivas da atuação fonoaudiológica. A discussão toma como mote a criação da Linha do Cuidado do AVC na rede de atenção às urgências e emergências para o atendimento integral ao paciente. Essa política de atendimento, instituída em abril deste ano pelo Ministério da Saúde, consolidou a importância da atuação de vários profissionais de saúde para o acompanhamento de casos de derrames.

"Mais de 80% das pessoas que vivenciam um AVC apresentarão sequelas em graus que diferem de paciente para paciente. Entre as consequências do problema, está uma série de comprometimento na fala, na linguagem e na deglutição", diz Roberta Gonçalves da Silva, que é coordenadora do Departamento de Disfagia da SBFa. Ela destaca que, graças à atuação dos fonoaudiólogos especializados no segmento, as pessoas que enfrentam um derrame contam com um diagnóstico cada vez mais rápido das sequelas e também com um programa de reabilitação eficaz.

"Entre aqueles indivíduos que ficam com algum comprometimento após o AVC, podemos afirmar que 90% deles manifestam disfagia, sintoma que consiste na dificuldade de deglutir", esclarece a especialista. Nessas situações, também é comum a disfagia orofaríngea, caracterizada como a dificuldade de transportar o alimento da boca até o estomago.

"Isso pode levar à entrada de alimento nos pulmões, o que abre portas para o desenvolvimento de pneumonias. Nesse cenário, entra o fonoaudiólogo, que ajuda os pacientes a reestabelecerem a alimentação de forma segura", complementa. Sem essa reabilitação, diga-se de passagem, o indivíduo corre o risco de ter prejudicada a condição nutricional.

A especialista ainda assegura que atualmente, para os prejuízos de linguagem, de fala e de deglutição no AVC, há programas de reabilitação fonoaudiológica consolidados e com controle de eficácia terapêutica. Em miúdos, significa dizer que a atuação do fonoaudiólogo tem como objetivo reconstruir a linguagem, aumentar a compreensão da fala, facilitar a comunicação e a sociabilização do paciente.

"E todo esse processo deve começar no hospital, onde as pessoas que vivenciaram um AVC contam com oportunidades para reestabelecimento da saúde. Geralmente, após a alta, é preciso continuar esse atendimento em domicílio ou em serviços especializados", conclui Roberta.

Saiba mais sobre o assunto: www.brasilsemavc.com.br. Clique aqui e leia um dos posts já publicados pelo Casa Saudável sobre AVC.

* A jornalista viajou a convite da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia