Inca: 37% dos casos de câncer do Brasil são relacionados ao tabagismo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/05/2012 às 23:33

Neste Dia Mundial sem Tabaco (31/5), o Brasil elege como tema Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta, que nasceu de uma adaptação da proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a realidade do País, centrada nos danos causados pela cadeia de produção do tabaco e os malefícios à saúde.

Estimativas de câncer para 2012, do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca), mostram que 37% dos casos da doença podem estar relacionados ao tabagismo.

Apesar de ser a primeira vez que o Brasil registra menos de 15% na prevalência de fumantes, de acordo com as informações do Vigitel (pesquisa telefônica do Ministério da Saúde), o Inca alerta para os percentuais estimados de casos novos de câncer tabaco-relacionados para esse ano.

"O País já alcançou muitos avanços na luta contra o tabagismo, mas o número de casos novos relacionados ao fumo é preocupante. É preciso regulamentar definitivamente a lei dos ambientes 100% livres do tabaco", diz o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.

O Inca frisa que, se considerarmos uma expectativa de vida até os 80 anos, os brasileiros podem perder até seis anos potenciais de vida e, as brasileiras, até cinco anos, devido a alguns tipos de câncer tabaco-relacionado. Apesar da queda significativa no número dos fumantes brasileiros, o percentual de mortalidade por câncer tabaco-relacionado ainda é alto.

O câncer de pulmão, por exemplo, é responsável por 37% das mortes por câncer na Região Sul, entre o sexo masculino. Nas outras regiões, também entre os homens, esse tipo de tumor é responsável por 30% da mortalidade por câncer.

O Inca lembra que, além dos danos à saúde (como diferentes tipos de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, entre mais de 50 doenças diretamente relacionadas ao tabagismo), ao longo da cadeia de produção do tabaco há fatores que afetam o meio ambiente e toda a sociedade: desmatamento, uso de agrotóxicos, agricultores doentes, incêndios e poluição do ar, das ruas e das águas.

Basta manter um cigarro aceso para poluir o ambiente. A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos veículos), substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. "Imagine a quantidade de toxicidade que várias pessoas fumando deixam no nosso planeta", salienta a coordenadora da Divisão de Tabagismo do Inca, Valéria Cunha.

FUMO PASSIVO

Estudos revelam que, entre pessoas expostas ao fumo passivo, há risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão, 30% mais risco de sofrer doenças cardíacas e de 25% a 35% mais riscos de ter doenças coronarianas agudas. Além disso, a propensão à asma e à redução da capacidade respiratória é maior neste grupo.   No Brasil, pelo menos, 2.655 não fumantes morrem a cada ano por doenças atribuíveis ao tabagismo passivo. Ou seja, a cada dia, sete brasileiros que não fumam morrem por doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco.