Pesquisa inédita mostra comportamento dos paulistas em relação à bebida alcoólica

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/05/2012 às 0:05

Mais de 10% dos paulistas preenchem critérios para abuso do álcool e 3,6% receberam diagnóstico de dependência. Esses são percentuais apresentados pelo estudo São Paulo Megacity, realizado pelo Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com 5.037 indivíduos adultos da Região Metropolitana de São Paulo.

Diferentemente do esperado, a taxa de abuso foi maior do que a de dependência, o que reforça a necessidade de investimento no diagnóstico precoce. Isso consequentemente resultaria na diminuição dos altos gastos com a saúde com os dependentes.

Vale frisar que o São Paulo Megacity é o primeiro a investigar as idades de início do uso regular, abuso e dependência, transições entre as etapas do uso de álcool e as possíveis influências de gênero, idade, escolaridade e estado civil. Além disso, é parte de uma pesquisa global da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre estresse, bem-estar e saúde mental (World Mental Health Survey Initiative).

A pesquisa analisou uma amostra representativa, que reúne pessoas de diferentes condições econômicas, educacionais e culturais, a fim de identificar a prevalência de uso, abuso e dependência de álcool nessa região. O levantamento também investigou as principais características sociodemográficas relacionadas às transições entre as etapas de uso do álcool.

Dessa maneira, o estudo revela que os percentuais da taxa de uso de álcool pelo menos uma vez na vida (85,8%) e uso regular (56,2%) refletem uma considerável exposição à bebida, assim como a continuação de seu uso em uma proporção significativa da amostra.

O primeiro uso na vida, segundo a pesquisa, ocorre entre os 16 e 26 anos, com mais da metade dos usuários tendo experimentado aos 17 anos. O São Paulo Megacity mostra ainda que 54% dos entrevistados apresentaram diagnóstico de abuso antes dos 24 anos e que a maioria dos indivíduos desenvolveram a dependência do álcool antes dos 35 anos de idade.

"Esses dados comprovam que as políticas públicas voltadas ao consumo do álcool devem estar orientadas para populações jovens", analisa a psiquiatra Camila Magalhães Silveira, autora do estudo.